O Enigma do Príncipe

Steve Kloves fala sobre a adaptação de EdP!

Steve Kloves fala sobre a adaptação de EdP!Steve Kloves fala sobre a adaptação de EdP!
Com a proximidade do lançamento de Enigma do Príncipe, o LA Times criou um blog em seu site, onde os fãs da série poderão encontrar artigos inéditos e entrevistas raras. Dando início a este novo projeto o site optou por publicar uma entrevista exclusiva com o roteirista da série Harry Potter, Steve Kloves.
Nesta entrevista, Steve cita quais foram os momentos cruciais para a adaptação de Enigma do Príncipe, que inclui a decisão de cortar algumas cenas com os momentos mais dramáticos da história. Fala também sobre o quanto aprendeu com a autora JK Rowling durante a adaptação dos livros para as telonas e elogia o ator Alan Rickman por seu empenho na interpretação do personagem Severo Snape.

O que você pode dizer sobre a decisiva cena entre Snape e Dumbledore? No livro, é uma cena curta, mas intensa.
Os leitores sabem de toda a verdade. Então se você assistir ao filme com atenção perceberá que há alguns momentos extraordinários em relação à atuação, especialmente de Alan Rickman [que interpreta Snape]. Existe algo que nós acrescentamos que você pode esperar ansioso para ver, uma cena curta entre Harry e Snape antes do grande evento. Vai ser interessante observar como ela vai mexer com o público. Deveria ser um momento inesquecível para Harry. Enquanto eu escrevia, eu tinha uma idéia sobre um momento entre ele e Snape, algo que Harry pudesse olhar para trás no futuro, e se perguntar por que não agiu de forma diferente.

Também li que a maioria das lembranças do jovem Voldemort, na época Tom Riddle, da penseira de Dumbledore foram cortadas do filme. (Para não mencionar: o funeral de Dumbledore!)
Em meu rascunho original, todas as lembranças estavam inclusas, exceto uma, creio eu. Eu até dramatizei algumas coisas que não estavam no livro em termos de Voldemort, como a morte dos pais de Tom, coisas assim. Sou fã de Harry Potter, então meus primeiros rascunhos tendem a refletir isso, tendem a ser longos e incluir tudo. Quando o [diretor] David Yates entrou no processo, tinha um ponto de vista muito específico, que era o de que deveríamos mostrar a ascensão de Voldemort sem nos envolver demais no seu passado como Riddle. Ele achava que a maioria das lembranças não seria tão necessária nas telonas como nas páginas. Ele gostava delas no roteiro, mas realmente acreditava que, no filme, conhecer a história de Voldemort era mais importante do que conhecer a do jovem Riddle. Debatemos esse assunto por um tempo, mas ele foi muito convincente e acho que acabou funcionando bem.

Para conferir a tradução desta entrevista na íntegra, clique em notícia completa!

CONTAGEM REGRESSIVA PARA HARRY POTTER
LA Times ~ Denise Martin
17 de junho de 2009
Tradução: Aline Penha e Dérick Moreira
Revisão: Renan Lazzarin

Houve uma rebelião dos fãs no verão passado (no hemisfério norte) quando a Warner Bros. decidiu repentinamente adiar a estréia de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” de Novembro para Julho.
Felizmente, meses se passaram e restam agora apenas quatro semanas até a estréia do sexto Potter.
Talvez junto com os astros de “Harry Potter” e o produtor David Heyman, Steve Kloves possa ser a pessoa mais investida no mundo bruxo das telas. Ele recusou escrever o quinto filme, “A ordem da Fênix,” para o desapontamento de seus filhos, mas adaptou todos os outros livros de J.K.Rowling, e está calorosamente terminando a segunda parte do roteiro do ultimo “Relíquias da Morte”. Kloves tirou um tempo livre para falar sobre o trabalho com Rowling, as diferenças entre o livro “Enigma do Príncipe” e o filme – incluindo a adição de um momento entre Harry e Snape logo antes do clímax com Dumbledore – e porque ele está preso à série há mais de uma década.

Você trabalha com Rowling quando está escrevendo um roteiro, ou tem toda a liberdade para adaptá-lo a seu bel-prazer?

Eu sou um pouco livre demais. Jo se tornou uma ótima amiga, uma das minhas melhores amigas, e gostaria de ouvir mais dela. Quando a conheci, ela não era casada, e agora além de casada possui filhos, então ela tem uma vida muito maior. Agora, nós nos falamos predominantemente por email, e ela é muito compreensiva e muito útil, mas desde o começo ela sempre disse pra mim, “eu sei que os filmes serão muito diferentes. Eu sei que eles não podem ser iguais aos livros, e eu nem quero isso. A única coisa que me interessa é que você se mantenha fiel aos personagens.” Então essa sempre foi a coisa pela qual me sinto mais responsável, proteger os personagens, e é o que me chateia mais quando eu sinto que eles foram violados. É quando eu retrocedo.

Isso aconteceu em algum dos filmes?
Há um momento em “A Câmara Secreta” do qual não gosto, quando Hagrid adentra Hogwarts no final do filme e o grupo inteiro de alunos o aplaude. Isso nunca aconteceria. E isso realmente me chateou. Senti que era uma grande violação dos personagens. E aquilo foi estranho porque o [diretor] Christopher Columbus é viciado na série. Ele carregava o livro com ele onde quer que fosse. Você nunca podia pegar Chris com qualquer coisa. Mas eu acho que Chris queria aquele momento. Esse foi um pequeno desacordo.

Você pede a opinião de Rowling para que tipo de coisas?
Uma gama de coisas, até mesmo coisas muito simples. Uma vez eu perguntei a ela sobre os 12 usos do sangue de dragão, que é mencionado no livro. Há escritores que escreveriam “12 usos do sangue de dragão” sem ter idéia dos quais fossem; apenas soa legal. Mas eu lhe enviei um email para perguntar (e isso foi há 10 anos atrás), e 25 segundos depois eu recebo um email em resposta com uma lista.

Conte-nos. Ela só mencionou “bom para limpar o forno” em entrevistas.
Um é limpar o forno, sim. Outro é remover manchas…..Era realmente incrível. Sério, os livros são apenas a superfície mais fina do que ela sabe sobre a série. Onde Jo é útil de uma forma mais séria para mim é quando desejo saber mais sobre motivação ou passado, quando Harry percebeu certas coisas, quando personagens entenderam coisas. Houve um caso em que eu estava estragando algo da trama – tinha alguma coisa a ver com Dobby, imagino – e ela disse, “Não, você não quer fazer isso,” uma vez que ela sabia o que estava por vir. Ela tem uma capacidade enorme para solucionar problemas e uma mente muito ágil, ela consegue ajudar com coisas complicadas. Embora sua trama seja tão grande que fica muito difícil traduzi-la no cinema.

O que você pode dizer sobre a decisiva cena entre Snape e Dumbledore? No livro, é uma cena curta, mas intensa.
Os leitores sabem de toda a verdade. Então se você assistir ao filme com atenção perceberá que há alguns momentos extraordinários em relação à atuação, especialmente de Alan Rickman [que interpreta Snape]. Existe algo que nós acrescentamos que você pode esperar ansioso para ver, uma cena curta entre Harry e Snape antes do grande evento. Vai ser interessante observar como ela vai mexer com o público. Deveria ser um momento inesquecível para Harry. Enquanto eu escrevia, eu tinha uma idéia sobre um momento entre ele e Snape, algo que Harry pudesse olhar para trás no futuro, e se perguntar por que não agiu de forma diferente.

Também li que a maioria das lembranças do jovem Voldemort, na época Tom Riddle, da penseira de Dumbledore foram cortadas do filme. (Para não mencionar: o funeral de Dumbledore!)
Em meu rascunho original, todas as lembranças estavam inclusas, exceto uma, creio eu. Eu até dramatizei algumas coisas que não estavam no livro em termos de Voldemort, como a morte dos pais de Tom, coisas assim. Sou fã de Harry Potter, então meus primeiros rascunhos tendem a refletir isso, tendem a ser longos e incluir tudo. Quando o [diretor] David Yates entrou no processo, tinha um ponto de vista muito específico, que era o de que deveríamos mostrar a ascensão de Voldemort sem nos envolver demais no seu passado como Riddle. Ele achava que a maioria das lembranças não seria tão necessária nas telonas como nas páginas. Ele gostava delas no roteiro, mas realmente acreditava que, no filme, conhecer a história de Voldemort era mais importante do que conhecer a do jovem Riddle. Debatemos esse assunto por um tempo, mas ele foi muito convincente e acho que acabou funcionando bem.

Existem outras mudanças ou adições que você pode comentar?
Eu sei que David está muito orgulhoso por fazer o Quadribol direito. Eu realmente acho que é a primeira vez que ele se parece com um esporte. E é cômico, o que é legal. Rupert Grint [que interpreta Rony] é ótimo. É muito interessante ver esses personagens fazendo isso, pois os filmes sempre foram um pouco castos, e eles continuam o sendo em certo nível, mas há mais coisas acontecendo neste. Você percebe o quão complicado é a relação entre meninos e meninas. É muito divertido ver Rony com sua primeira namorada.

Falando nisso…como se dará a relação entre Gina e Harry, uma vez que todos nós aprendemos a gostar de Cho Chang nos outros filmes?
É interessante pela forma como acontece. Estou muito feliz com o momento em que eles consumam seus sentimentos. Foi uma boa cena e David a fez muito bem. É doce. Para qualquer fã de longa data, é agora que você começa a ver as pessoas ficando juntas, mas ao fazer isso, uma tensão é instalada nos antigos relacionamentos e os relacionamentos que são verdadeiros e mais confiáveis. Isso é potencialmente perigoso, mas também faz parte do nosso amadurecimento. Você tem que forçar esses relacionamentos para entender o quão importante eles são.

Por que você não quis adaptar a “Ordem da Fênix”?
Sabe, eu nem sei por quê. O quarto filme, “Cálice de Fogo”, foi muito difícil de adaptar. Eu trabalhei nele por dois anos. Mas não é tão simples assim e não sei se algum dia entenderei por completo por que eu não o adaptei. Isso vai soar como uma desculpa esfarrapada, mas é de certa forma verdade: eles me perguntaram no dia errado. Eles me perguntaram pela última vez no dia errado. Se eles tivessem me perguntado no dia seguinte, eu provavelmente teria aceitado. Há sempre coisas boas que acontecem ao redor desses filmes e eu sentia um desejo – e eu ainda sinto um desejo – de fazer outras coisas. Voltar a fazer filmes que ninguém quer ver, e eu vou voltar. Mas eu acho que estava sentindo esse desejo de maneira aguçada naquela época. Eu sempre disse também que se as crianças saíssem, eu sairia também. E houve uma conversa sobre Emma Watson [que interpreta Hermione] deixando a série e isso teria sido difícil para mim se Emma tivesse saído porque eu gosto de escrever para as três crianças.

Como você se sente tendo trabalhado na série por tanto tempo?
É complicado. Quando eu disse sim ao primeiro filme, a única coisa que me disseram foi que os livros eram “importantes no RU.” Ninguém aqui (nos EUA) havia ouvido falar neles, a não ser pessoas com crianças de certa idade. Eu me pergunto o que teria feito nessa última década se não tivesse feito Harry Potter. A última coisa que fiz foi “Os prodígios” [lançado em 200] e é aí que eu parei, como eu disse, de fazer filmes que ninguém quer ver. Basicamente a minha carreira antes de Harry. Eu me pergunto que filmes teria feito aos 35 e 40 anos de idade. Estou feliz por ter feito Harry Potter, mas não posso dizer que essas coisas não passaram pela minha cabeça, o sacrifício que eu fiz por causa da série.

Quão satisfeito você está com o último filme?
Eu ainda não vi a versão final. A trilha não estava completa quando assisti. Mas gostei muito do que vi. É muito poderoso, e genuinamente comovente em alguns momentos. Ate mesmo em momentos que as pessoas nem imaginam. Há alguns momentos emocionais bem intensos. Parece mais maduro. Estou muito empolgado com os últimos dois filmes porque eles são ainda mais maduros e as crianças estão mais velhas. “Enigma do príncipe” é um salto bem grande em relação a “Ordem da Fênix.” É bem diferente. Não é um filme de ação da mesma forma. Mas os últimos dois filmes serão imensamente diferentes de tudo que os precedeu.