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BH entrevista Melissa Anelli, autora de “Harry, a History”

O BlogHogwarts publicou ontem uma entrevista com a escritora Melissa Anelli que escreveu o livro “Harry, a history” (Harry, uma história) ainda a ser publicado em língua inglesa no dia das eleições americanas, 04 de novembro.Melissa fala um sobre como foi escrever o livro, quais as sensações que sentiu, como surgiu a idéia e sobre o apoio que teve de sua agente literária:

“Falei rapidamente sobre minha idéia, “um dia”, cogitei, e ela me escreveu um e-mail no dia seguinte que dizia basicamente: “Se estava falando sério, eu também, e o tempo é AGORA.” Ela me fez dar conta de quanto trabalho eu teria e que iria buscar um contrato e escrever o livro, e como era ou deveria ser o calendário. Fiquei com dúvidas, imediatamente.”

A tradução completa da entrevista, em primeira mão, você confere na extensão. Você ainda pode acessar o grupo oficial dela no Facebook que ela cita na entrevista clicando aqui.

MELISSA ANELLI
BlogHogwarts entrevista autora de “Harry, a history”

BlogHogwarts
17 de outubro de 2008
Tradução: Deny Eduardo
Revisão: Ohanna Bolfe

BLOGHOGWARTS:Exatamente, qual é o tema principal do seu livro?
Melissa Anelli:
O tema de “Harry, uma história”, é o fenômeno Harry Potter. Estive observando e reportando sobre este fenômeno durante sete anos, e pensei que alguém teria que por tudo prá fora (refere-se que alguém teria que escrevê-lo ou falar dele) – registrar o que tinha acontecido e por quê. Algumas partes contam fragmentos da história do início de Harry Potter e etc, mas também aprofundo em algumas partes do fandom que o leitor geral pode ter perdido – os debates, PotterWar, Wizard Rock, o desenvolvimento do fenômeno podcast, o hábito fandom de fazer mini-famosos foi de seus próprios membros, e muito mais. Entrevistei Laura Mallory para o capítulo sobre a censura, e um fotógrafo sobrevivente do massacre de Columbine para quem Harry Potter foi um bálsamo. Falo muito sobre minhas experiências pessoais porque embora saiba que nunca se pode capturar a experiência de cada fã, sei que cada fã verá algo com que pode relacionar-se na história de um fã. Felizmente já que tive uma autêntica e pessoal trajetória emocional através deste tempo enquanto presenciava o fenômeno em primeira mão, pôde servir para o mestrado, por assim dizer.

BH: Como você viu a idéia de escrevê-lo?
MA:
Era a semente de uma idéia, sempre dando voltas em minha cabeça até que tive uma conversa com uns amigos, Aimee Carter (uma talentosa jovem autora) e seu pai, Richard. Eles me disseram literalmente: “Deverias fazer um livro sobre o fenômeno”, e eu com o garfo cheio de ervilhas que acabara de por em minha boca, ameaçada em exteriorizar as idéias. Não podia crer que sua idéia e este pequeno sussurro que estava em minha cabeça estavam tão alienados, senti como se fosse um golpe cósmico. Eu lhes devo muito, depois da primeira e verdadeira conversa sobre ele, comecei a levar a sério a idéia, mas não tão sério como no dia que me reuni com minha agente. Realmente já a havia conhecido há muito tempo – temos amigos em comum – e eu havia esquecido que ela era uma agente literária, e ela havia esquecido que eu já havia feito algo no fandom de Harry Potter. Falei rapidamente sobre minha idéia, “um dia”, cogitei, e ela me escreveu um e-mail no dia seguinte que dizia basicamente: “Se estava falando sério, eu também, e o tempo é AGORA.” Ela me fez dar conta de quanto trabalho eu teria e que iria buscar um contrato e escrever o livro, e como era ou deveria ser o calendário. Fiquei com dúvidas, imediatamente.

BH: É ilustrado? Quem criou a arte da capa?
MA:
A capa da América do Norte foi criada por Alan Dingman em Simon & Schuster Pocket Books, varia muito pouco da do Reino Unido (porque ele é o mesmo editor de lá). O mais provável é que exista uma capa similar para versões em Inglês em países que não são de língua inglesa. Todavia eu não vi a capa da versão australiana ou da tradução alemã, mas estou muito entusiasmada com isso!

BH: Trata-se de um livro solo, ou é parte de uma série?
MA:
Atualmente é um livro independente, embora não descarto uma segunda parte ou atualização.

BH: Tiveste alguma questão jurídica durante o processo de publicação?
MA:
Absolutamente não. J.K. Rowling e Warner Bros não disseram nada além de me darem cem por cento dos direitos e serem honestos comigo neste projeto, e respeitosos comigo como autora. Eles nunca pediram uma supervisão, e não foram outra coisa senão úteis. Para ser honesta, não esperava essa assistência. Eu não esperava que se opusessem mas tampouco não esperava que ajudassem. Eles ultrapassaram todas as minhas expectativas, em um bom sentido.

BH: Escreveste tudo por si mesma ou você teve alguma colaboração?
MA:
Escrevi-o sozinha, embora nos últimos dois meses antes do meu primeiro período, encontrei uma maravilhosa fã de Harry Potter (britânica e chamada Jo, nada mais nada menos, embora prometo que seja uma coincidência) de investigadora e assistente pessoal e para um dos últimos capítulos contratei uns poucos trabalhadores independentes para fazer alguns relatórios sobre o campo.

BH: Vai haver algum evento oficial de lançamento?
MA:
Duvido, mas estou segura de que vou estar falando dele e lendo eu mesma e vendo os eventos nas livrarias na medida do possível! Meu evento de lançamento provavelmente será eu vagando em uma livraria para encontrá-lo em uma estante e ficando completamente excêntrica – sobretudo porque o livro sai no dia das eleições aqui na América, e a nação estará bastante ocupada.

Contudo, meu primeiro ato público é para o dia seguinte. 05 de novembro. em Borders no Columbus Circle, Nova York, às 19 horas. Será uma leitura e uma roda de perguntas e respostas e minha primeira assinatura. Mal posso esperar.

BH: Quanto tempo levou para escrevê-lo e como se sentiu durante o processo?
MA:
Levei a experiência de sete anos no fandom Harry Potter para escrevê-lo, mas a mecânica da escrita levou aproximadamente um ano e umas poucas semanas. Houveram várias coisas maravilhosas enquanto escrevia e muitas vezes senti muitíssimo medo. Às vezes, quando você olha para trás e vê o que está escrito, pensa “Quem em seu sano juízo iria querer ler isto?”. Logo, no dia seguinte estás apaixonada pela mesma passagem. O processo da escrita pode enganar a sua mente, um pouco. Às vezes você odeia o que escreveu e está feliz. Agora que tenho o livro físico em minhas mãos, sou mais feliz quando estou passando meus dedos por ele (se refere a folhear páginas) e cinco minutos mais tarde me encontro absorta lendo-o. Estes são grandes momentos, porque para o momento em que seu livro chega a essa etapa, ele já deve ter passado tantas vezes por você que é possível que te canses muito dele.

BH: Sabes que existe um grupo de fãs no Facebook que esperam ansiosamente seu livro?
MA:
Eu sei! Estava tão ridiculamente lisonjeada quando Caroline Z me disse que existia esse grupo. Fiquei num interessante dilema – Me uno? Não me uno? – unir-se seria genial porque essas pessoas são tão maravilhosas e boas com meu trabalho, mesmo que eu seja um dos que “esperam com ansiedade”, eu tenho algum pretexto para me unir a um grupo que é meu fã? Sei que estou em outro, no Facebook, porque um dia aceitei todas as solicitações que tinham a ver com Harry Potter, então analisei e me dei conta de que a partir dali era um membro do meu próprio grupo de fãs no Facebook – e, estou agradecida e nunca passou pela minha mente insultá-los para sair dali, mas como posso ser meu próprio fã? LOL! O Facebook apresenta desafios sociais realmente bizarros. Não é que esteja me queixando sobre isso, no mínimo, dizendo que é divertido. Fiquei verdadeiramente agradecida com um público que está interessado no meu trabalho. Isso é mais do que os escritores que estão começando esperam, estou enormemente agradecida!

Também tenho um grupo oficial no Facebook.

BH:O livro vai ser publicado em outros idiomas além do Inglês?
MA:
Espero que sim! Até o momento, há uma tradução em uma língua estrangeira: será publicado em alemão por Edelkids. Também sei que vai haver uma versão de áudio alemã. Não posso dizer o quão genial será escutar o livro falado em alemão. Vai ser um entretenimento de uma maneira única para mim. Espero que um dia também haja uma edição em espanhol!

BH: Como foi ter Jo escrevendo o prólogo do seu livro? Você que fez contato com ela ou ela que fez contato com você?
MA:
Quando nos preparávamos para a entrevista do outono passado, disse que ia enviar um rascunho do livro antes, e lhe perguntei se ela estava aberta à possibilidade de algum tipo de publicidade ou propaganda na capa do livro – ela respondeu que sim antes de pestanejar, e isso foi realmente alentador, mas eu lhe assegurei que seria a primeira a ver o livro. Queria que o livro fosse o único critério que utilizaria para dizer se gostaria ou não de fazê-lo. Assim que ficou pronto, como tinha um rascunho com ela, eu estava cômoda se eu já havia enviado com uma nota que dizia que sim, tratava-se de um livro que ela gostaria e seria um de que ela gostaria de escrever algo sobre, estaria honrada com isso. Prontamente, escutei dela que ela estava na metade da leitura e que estava desfrutando-o e seria “um prazer” escrever um prólogo.

BH: Alguma vez você já recebeu comentários negativos, devido o prólogo de Jo em seu livro?
MA:
A reação foi assustadoramente positiva, inclusive mais do que eu esperava que fosse. Meus amigos, família, todos aqueles que eu respeito reagiram de maneira positiva – não pôde ser melhor que isso. Os fãs têm uma grande maneira de tomar cada um dos êxitos dos outros com o coração e celebrar junto com eles. Cada vez que faço este tipo de anúncio e vejo como as pessoas estão dispostas a se transformar em um deles, quando se merece, me torno a pessoa mais feliz do fandom.

BH: Há alguma parte especial do prólogo que te deixa mais comovida do que em outra?
MA:
Todo ele me comoveu; creio que não se pode explicar a posição tão vulnerável em que você se coloca quando se põe a escrever um livro, e você se torna mais vulnerável ainda quando o envia para ser lido às pessoas que você respeita. Quando Jo o levou, eu estava na terra de ninguém entre a entrega do projeto final à minha editora e, a continuação, enviar uma cópia à J.K. Rowling. Meus nervos não conseguem descrevê-lo. Por isso, não só de ouvir ela gostou, mas seria “um prazer” escrever um prólogo – meu deus, meu primeiro respiro de alívio depois de haver terminado o livro foi o de que alguém que não era minha editora que havia lido e que havia gostado. Por isso, todo o prólogo, e sua existência, é um grande presente para mim. Mas minha linha favorita é onde ela diz que o livro permite atingir aquilo que eles não podiam, enquanto tudo isso se passa, quero que qualquer um que leia o livro sinta-se como se estivesse ali, e se J.K. Rowling finalmente sentiu como se ela estivesse ali, significa que tenho uma boa chance de êxito. Ela me disse algo parecido na mesma carta em que disse que escreveria um prólogo, e foi isso que ficou marcado em mim – que o livro permitiu que eu entrasse para o fenômeno que ajudei a criar, tal como tinha feito. Eu esperava que ela escrevesse algo similar no prólogo.

BH: Como webmistress de um dos mais importantes fã-sites de Harry Potter, e além do mais considerada como uma das fãs mais reconhecidas devido seu trabalho no TLC como eventos ou entrevistas com JK Rowling que você freqüentou, o que você pôde aprender com tudo isso?
MA:
“Reconhecidas” é uma palavra nova sobre mim, porque essa é a última coisa que pensas que vai acontecer contigo se estás no jornalismo de nível local, e a última vez que escutei isso foi quando estava na universidade ou na escola preparatória ou bem antes disso. Um repórter de notícias diárias é na maioria das vezes uma sombra na parte traseira da sala durante as sessões do Conselho da cidade, e mesmo quando for um jornalista com mais prestígio não é muito mais que duas linhas. Por isso, ser “reconhecida” me ensinou muito acerca do que significa ser reconhecida. Estou agradecida por isso, porque me tem proporcionado uma pele mais espessa que tem conseguido livrar-me de algumas bobas noções que tinha anteriormente sobre o que poderia significar ser reconhecida. Quando isso acontece pela primeira vez, existe uma cor, uma vertigem – então a realidade se estabelece e começa a converter-se em responsabilidade. Mas o mais importante de tudo é não levar tudo muito a sério. Tudo isso fez com que eu tenha experimentado a experiência desse fenômeno profundamente com o que os outros têm permitido, desde que continuem compartilhando o que isso significou, estou fazendo meu trabalho.

Fora da síndrome do “reconhecimento”, fazer parte deste fenômeno durante todos esses anos me ensinou muito sobre o valor que é possível levar às pessoas simplesmente por ajudá-las a desfrutar das coisas que amam. Nunca esperei que por divertir-me muito, sempre que podia no meu tempo livre, eu estaria ajudando os outros a fazer o mesmo. Nos ensinam quando somos jovens, só a não nos divertimos quando crescermos. Nos ensinam (ou ao menos a mim) somente a trabalhar. Quando aplicas a diversão ao seu trabalho, coisas impressionantes podem acontecer.

BH: Está planejando escrever outro livro similar?
MA:
Vou atualizar este livro com o passar do tempo para incluir os acontecimentos ocorridos após os sete livros, ou escrever uma edição completa. Não estou totalmente segura de que maneira será, mas já comecei a deixar notas para seguir trabalhando. Tenho outras idéias relacionadas com Harry Potter, mas também não relacionadas com ele. Espero que este seja o começo de novas coisas divertidas.

BH: Muito obrigado pela entrevista, Melissa! Finalmente, algo mais gostaria de dizer? E gostaria de recomendar algum outro livro aos leitores do BlogHogwarts?
MA:
Muito obrigada por recomendar meu livro em novembro! Isso é uma grande honra para mim. Espero realmente que ele seja publicado em espanhol. Estamos esperando uma tradução, mas infelizmente ainda não tenho nenhuma informação sobre isso.

Estranhamente leio muita literatura não relacionada com a ficção, eu normalmente tendo a esses antes da ficção. Harry Potter foi uma grande aberração para mim. Acabo de descobrir Salman Rushdie e seu livro “Midnight’s Children” é incrível. Tenho lido qualquer coisa que Frank Rico publica, foi um dos meus primeiros mentores.

Animo a todos que queiram escrever não-ficções ou ler reviews de filmes ou teatro: Estes são um freqüente exemplo de pontos complicados esmagados em poucas palavras, e que tão freqüentemente contém excelentes escritas (Stephen Hunter é um crítico incrível, como era o finado Walter Kerr). Na universidade, tentei modelar a mim mesma, sem êxito, espelhando-me nessas pessoas. Toda pessoa tem um período em que sonha ser alguém mais; o meu período veio à tona publicamente.

Sobre a ficção, os que gostavam de Harry Potter fariam bem em ler a lista de livros de Arthur A. Levine – seus livros tendem a ter o mesmo encanto, qualidade íntima que Harry tão compulsivamente teve. “The Tenth Power” série de Kate Constable é fantástica. Também estou desfrutando da série de Cornélia Funke “Coração de Tinta”.