J. K. Rowling ︎◆ Livros ︎◆ O Enigma do Príncipe

Entrevista com J.K. Rowling (1ª parte)

No dia do lançamento do livro em inglês na inglaterra – e no resto do mundo – a autora J.K. Rowling cedeu uma entrevista aos representantes (webmasters) dos sites Mugglenet, e The-Leaky-Cauldron, dos Estados Unidos.

A entrevista foi feita a partir de uma seleção de perguntas de ambos os sites diretamente à autora, em Edimburgo na Escócia.

Para ler a primeira parte traduzida da entrevista, que contém muitos spoilers do sexto livro, clique aqui.

MuggleNet and The Leaky Cauldron interview Joanne Kathleen Rowling
Tradução: Carmem e Gabriella – Potterish.

O Potterish a visa: Todo Material traduzido daqui para baixo é referente principalmente ao sexto livro, então assim, contem uma grande quantidade de SPOILERS.
Aos que não querem saber nada sobre o sexto livro, recomendo que não leiam.
Julho 16, 2005: dia da publicação de Harry Potter and the Half-Blood Prince
Edinburgh, Escócia

Julho 16, 2005: dia da publicação de Harry Potter and the Half-Blood PrinceEdinburgh, EscóciaParte I

Emerson Spartz, Mugglenet (ES): Com quem vc discute Harry Potter?

J.K.R.:Quando eu estou trabalhando no livro você diz? Virtualmente, com ninguém, o que é pra mim, necessário para a condição de trabalho. Eu tenho essa reputação de ser reclusa. Agora que isso veio a tona, eu não sei se é a mesma coisa nos EUA, mas na Inglaterra, você realmente não lê um artigo sobre mim, e eu leio provavelmente um centésimo do que está por aí e eu sei que deve estar acontecendo muito mais, sem que o mundo recluso esteja junto ao o meu nome. Eu não sou reclusa na pratica. O que eles querem dizer é que eu guardo segredos e não faço muito alarde, porque pra mim isso é uma condição do trabalho. Não tem nada a ver com o franchise, não tem nada a ver com tentar proteger a “propriedade” – eu odeio quando é chamado de “a propriedade” mas as outras pessoas o chamam assim. É porque eu acho que se você discutir o trabalho enquanto você o está fazendo, você tende a dissipar a energia que você precisa para fazê-lo.

Vocês irão conhecer, nós todos conhecemos, um monte de gente que fica em bares discutindo os romances que estão escrevendo. Se eles estivessem escrevendo, eles estariam em casa, na verdade, escrevendo o romance. Bem ocasionalmente eu posso contar para Neil, eu digo, “Eu tive um bom dia”, ou “Eu escrevi uma boa piada”, ela me fez rir ou coisas do tipo, mas eu nunca discutiria em detalhes. E depois, uma vez eu entreguei um manuscrito e ai meus editores, que são a Emma minha editora em UK e o Arthur que é o editor nos EUA, os dois iriam ver o manuscrito na mesma hora. Eles colaboraram no que eles pensavam e depois eles vieram até á mim sugerindo coisas.

Claro, não tem problema uma vez que a pessoa leu o livro discutir sobre ele, então, você sabe, eu deixei o livro quieto por 18 meses enquanto eu estava trabalhando e depois você tem uma explosão, porque você realmente quer falar com alguém sobre isso naquele momento, então Emma e Arthur são os primeiros que tem uma prévia do livro e é maravilhoso escutar o que eles acham. Eles dois estão muito positivos sobre esse livro, eles realmente gostaram. E depois nós temos discussões , obviamente.

ES: É uma pergunta um pouco estranha, mas quantas vezes você lê a sua própria história?

JKR: Não é uma pergunta estranha, é uma pergunta válida porque uma vez o livro lançado, eu dificilmente irei relê-lo. Uma coisa engraçada é que quando eu pego um dos livros para checar alguma coisa, o que eu obviamente faço bastante, eu acabo ficando presa a leitura e termino por ler várias páginas e então coloco o livro de volta no lugar e volto a fazer o que eu estava fazendo, mas eu nunca, por exemplo, se eu estiver indo para o banheiro e eu vou pegar alguma coisa para ler,eu nunca vou pegar um dos meus livros. Conseqüentemente existem milhares de fãs que conhecem os livros muito mais do que eu os conheço. Minha única vantagem é que eu sei o que vai acontecer e que eu tenho muitos manuscritos sobre os personagens.

Melissa Anelli, The Leaky Cauldron (MA): Quantas caixas você tem até agora só com os seus manuscritos?

É realmente difícil de dizer porque eu sou muito desorganizada, mas sim, existem caixas. Porém estão principalmente anotados em cadernos porque a história de cada personagem é realmente importante, e eu preciso encontrá-los de uma forma prática, pois são muitas coisas anotadas. E é bem mais difícil você perder um caderno do que um pedaço de papel.

ES: Quando o sétimo livro for lançado, você vai manter o site aberto para responder as perguntas dos fãs?

JKR: Sim, eu não me imagino fechando o site durante a madrugada quando o sétimo livro estiver terminado. Não, definitivamente não. O que eu penso é, eu possivelmente não poderia responder todas as perguntas, pois a história é uma forma não correta de, por exemplo, apresentar um catálogo com as cores prediletas do seu personagem. Mas as pessoas muitas vezes gostam de saber essas informações – esse tipo de detalhe, sabe? Logo, eu nunca vou conseguir responder nos livros todas as coisas que os fãs mais obsessivos gostariam de saber e o site seria uma outra maneira de faze-lo.
Eu também acredito que as pessoas vão continuar a criar teorias sobre os personagens até após o sétimo livro porque algumas pessoas são realmente interessadas em certos personagens, os quais o passado não está ligado a trama, eles não estão muito certos da história, sendo assim, existe um grande espaço para fan fics, assim como ainda tem, exemplo – Jane Austen, eu sou uma grande fã da Jane Austen e você acaba se perguntando sobre a vida dos personagens no final da história. Eles ainda existem, eles ainda vivem, você fica se perguntando, não é mesmo? Mas ainda assim eu tenho a certeza de que o sétimo será o último livro, mesmo que me apareçam com vários olhinhos de cachorro abandonado. “Só mais um!” Sim, eu acredito que serão apenas sete.

ES: Sete Livros é uma série longa.

JKR: Sim, exatamente…não acredito que eles vão dizer que você desistiu, não é mesmo? Por favor!

MA: Se você fosse escrever qualquer outra coisa sobre Harry Potter seria sobre o próprio Harry ou outro personagem ou um livro referencial?

JKR: A coisa mais provável, eu até já disse isso há um tempo atrás, seria escrever uma enciclopédia na qual eu pudesse me divertir com os personagens menores e onde eu também pudesse dar a biografia exata de todos os personagens.

MA: Ok, uma grande, grande, grande pergunta sobre o sexto livro. O Snape é mau?

JKR: [Quase rindo] Bem, você leu o livro, o que você acha?

ES: Ela está tentando fazer com que você responda categoricamente.

MA: Bem, existem teorias conspiratórias e existem pessoas que irão alegar que

JKR: apegando-se a esperanças mínimas[risos] –

ES: Isso!

MA: Isso! ES: Assim como certos shippers que conhecemos [Todos riem]

[Todos riem]JKR: Bem,certo, eu acredito que – Harry-Snape agora é tão pessoal, se não for mais até do que Harry-Voldemort. Eu não posso responder essa pergunta porque é spoiler, não importa o que eu disser, e obviamente isso que aconteceu terá um grande impacto quando eles se reencontrarem, eu realmente não posso responder. E convenhamos que isso vai dar espaço para umas 10.000 teorias e eu vou morrer de rir lendo elas [risos], certo eu sou má. Mas eu adoro teorias, eu simplesmente amo teorias!

ES: Eu sei que Dumbledore gosta de ver o lado bom das pessoas, mas ele parece confiar até o ponto de ser imprudente algumas vezes.

JKR: [Risos] Sim, eu tenho que condordar. Eu concordo.

ES: Como pode alguém tão –

JKR: Inteligente –

ES: ser tão cego em relação à certas coisas?

JKR: Bem, existe informaçoes sobre isso que estão por vir, no sétimo. Mas eu diria que eu acho que foi demonstrado, particularmente no livro seis e cinco, que imenso poder mental não proteje você dos seus erros emocionais e eu acho que Dumbledore exemplifica isso. Na verdade, eu tenderia a pensar que ser muito, muito inteligente poderia criar alguns problemas e isso acontece com Dumbledore, porque sua sabedoria isolou ele, e eu acho que você pode ver isso nos livros, porque onde está seu igual, seu confidente, seu parceiro? Ele não tem nenhuma dessas coisas. Ele sempre é o que cede, ele é sempre o que tem o prescentimento e a sabedoria. Então eu acho que, enquanto eu digo ao leitor para aceitar que McGonagall é muito importante em segundo no comando, ela não é de mesmo valor. Você teve uma resposta um pouco tortuosa, mas não posso chegar mais perto que isso.

ES: Não, essa foi uma boa resposta.

MA: É interessante o fato de Dumbledore ser solitário.

JKR: Eu vejo ele como alguém isolado, e algumas pessoas tem dito corretamente eu acho, que ele sempre foi visto separadamente. Minha irmã disse para mim em um momento de frustração, quando Hagrid foi mantido calado em sua casa depois que Rita Skeeter publicou que ele era um meio-gigante, e minha irmã disse para mim, “Porque Dumbledore não foi lá embaixo antes? Porque Dumbledore não chegou lá antes?” Eu disse que ele tinha que deixar Hagrid sozinho por um tempo e ver se ele iria sair sozinho dessa por ele mesmo porque se ele conseguisse sair sozinho ele se sentiria melhor. “Bem ele é muito afastado, muito frio, ele é igual você,” ela disse! [Risos] Ela quis dizer que se fosse ela teria ido imediatamente ajudar ele, e eu diria algo como “vamos esperar e ver se ele consegue sair dessa sozinho.” Eu não deixaria ele ficar sozinho uma semana, eu o deixaria ficar talvez uma tarde. Mas ela o perseguiria dentro da sua casa.

ES: Esta é uma pergunta que tenho desde o terceiro livro – porque Voldemort ofereceu a Lílian tantas chances para viver? Ele teria deixado ela viver?

JKR: Ahã.

ES: Por que?JKR: [silêncio] Não posso dizer a você. Mas sim ele ofereceu essa chance, você está absolutamente certo. Você não quer me perguntar porque a morte de Tiago não protegeu Lílian ou Harry? Aí está sua resposta, você respondeu sua própria pergunta, porque ela poderia ter vivido e escolheu morrer. Tiago iria ser assassinado de qualquer jeito. Vê o que isso significa? Eu não estou dizendo que Tiago não estava preparado para isso; ele morreu tentando proteger sua família, mas ele iria ser morto de qualquer modo. Ele não tinha – não foi dada a ele uma chance de escolha, então ele apressou isso em um modo meio animal, eu acho que existe um destaque em sua coragem. Tiago era imensamente corajoso. Mas o calibre da coragem de Lílian foi, eu acho que nesse caso, maior porque ela podia ter se salvado. Agora, qualquer mãe, qualquer mãe normal faria o que Lílian fez. Então nesse sentido a coragem dela também foi uma qualidade animal, mas ela teve chance e tempo de fazer uma escolha. James não. É como um intruso entrando na sua casa, não é? Você instintivamente o ataca. Mas se fosse com o sangue frio você diria apenas “saia da frente”, sabe o que você faria? Eu quero dizer, eu não acho que nenhuma mãe ficaria de lado ao seu filho. Mas isso responde sua pergunta? Ela abriu mão de sua vida bem consciente disso. Ela teve uma clara escolha.

JKR: [silêncio] Não posso dizer a você. Mas sim ele ofereceu essa chance, você está absolutamente certo. Você não quer me perguntar porque a morte de Tiago não protegeu Lílian ou Harry? Aí está sua resposta, você respondeu sua própria pergunta, porque ela poderia ter vivido e escolheu morrer. Tiago iria ser assassinado de qualquer jeito. Vê o que isso significa? Eu não estou dizendo que Tiago não estava preparado para isso; ele morreu tentando proteger sua família, mas ele iria ser morto de qualquer modo. Ele não tinha – não foi dada a ele uma chance de escolha, então ele apressou isso em um modo meio animal, eu acho que existe um destaque em sua coragem. Tiago era imensamente corajoso. Mas o calibre da coragem de Lílian foi, eu acho que nesse caso, maior porque ela podia ter se salvado. Agora, qualquer mãe, qualquer mãe normal faria o que Lílian fez. Então nesse sentido a coragem dela também foi uma qualidade animal, mas ela teve chance e tempo de fazer uma escolha. James não. É como um intruso entrando na sua casa, não é? Você instintivamente o ataca. Mas se fosse com o sangue frio você diria apenas “saia da frente”, sabe o que você faria? Eu quero dizer, eu não acho que nenhuma mãe ficaria de lado ao seu filho. Mas isso responde sua pergunta? Ela abriu mão de sua vida bem consciente disso. Ela teve uma clara escolha.ES: E James não teve essa chance.

JKR: Ele morrer claramente para tentar e proteger Harry é uma escolha clara? Não. É uma distinção sutil e tem um pouco mais sobre isso do que isso mas isso é tudo que posso responder.

MA: Ela sabia alguma coisa sobre o possivel efeito de ficar na frente do Harry?

JKR: Não, porque como eu tentei deixar claro na série, isso nunca aconteceu antes. Ninguém nunca sobreviveu antes. E ninguém, portanto, sabia que isso poderia acontecer.

MA: Então nenhum deles – Voldemort ou qualquer outro usando Avada Kedavra – deu a chance a alguém de escolher e daí a pessoa arriscou essa opção [morrer] –

JKR: Eles talvez tenham tido a opção, mas não nesse jeito em particular.