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Monopólio Britânico

Em sua mais nova coluna, João Victor escreve sobre a decisão da Warner de realizar os filmes com atores inglêses e não americanos. Leiam a coluna pois vale a pena.

Você pode conferir a coluna completa aqui.

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Monopólio Britânico
Por João Victor

Vocês imaginam o filme Cidade de Deus ou Central do Brasil sendo interpretados por nossos irmãos portugueses? Apesar de parecer engraçado na prática ia resultar num produto falso e de baixíssima qualidade.

Vocês se lembram de quando foi anunciado que Harry Potter ganharia as telas de cinema? Pois bem. A Warner Bros. já tinha um nome mais do que certo para assumir a liderança das filmagens. Ninguém menos que Steven Spielberg. O mago hollywoodiano, que dirigiu super-produções como “ET – O Extraterrestre”, “Jurassic Park”, “Indiana Jones e a Última Cruzada”, entre
outras. O nome já era tão esperado, que até Harry tinha ganhado um rosto, o de Haley Joel Osment – aquele pequeno garoto que via “pessoas mortas” em “O Sexto Sentido”.

Imaginem Harry Potter em Hollywood. É como imaginar a Central do Brasil em Lisboa. Rowling, detentora dos direitos sobre Harry Potter e a grande criadora desse universo mágico disse NÃO. Um ‘não’, que poucas vezes a poderosa e milionária indústria cinematográfica norte-americana deve ter ouvido. Um ‘não’ que Spielberg jamais imaginaria receber. A guerra não foi uma disputa
entre ‘colonizador versus colonizado’, mas uma disputa de poderes na tentativa de quem agarraria o fenômeno.

A direção, contudo, acabou indo para as mãos de um americano, Chris Columbus – um expert em filmes infantis de bilheterias estrondosas como “Esqueceram de Mim”, “Uma Babá Quase Perfeita” – mas que acabou aceitando todas as condições impostas por Rowling. O filme seria filmado na Inglaterra com o elenco de britânicos. Harry Potter teria que ser
legitimamente britânico. E assim foi.

Veja abaixo a relação dos principais atores e atrizes dos filmes de Harry Potter e sua origem.

Perceba as poucas exceções dessa grande ‘panela britânica’ são as atrizes Julie Christie (Madame Rosemerta) que nasceu na India (wow!) e Pam Ferris (Tia Guida) nascida na Alemanha (ambas certamente passaram sua vida na terra de Shakespeare). Além delas, no quarto filme temos alguns estrangeiros, mas que representavam personagens também estrangeiros, como por exemplo Stanislav Ianevski como o búlgaro Vitor Krum, e a francesinha Clémence Poésy que fez Fleur Delacour.

Rowling é britânica. Nasceu na Inglaterra e construiu todo o cenário e pesonagens de sua história se baseando em todas as sensações e situações nos lugares em que viveu. Ninguém conhece melhor as características comportamentais de uma cultura do que as pessoas que nasceram e viveram sob aquela influência. Seria um assassinato ao universo de Rowling, dar vida aos seus personagens através de atores e atrizes que não dominam o contexto no qual é inserida a história de Harry Potter. Harry é tão britânico como Fernanda Montenegro é brasileira.