Parques temáticos

Prefeito de Londres quer OMMdeHP na capital inglesa

Boris Johnson, prefeito de Londres e jornalista, escreveu uma coluna para o Telegraph falando sobre sua indignação pelo fato de que O Mundo Mágico de Harry Potter, que abrirá suas portas em 9 dias, foi construído em Orlando, e não na Inglaterra, berço da saga Potter.

“Porque o fato é que Harry Potter não é americano. Ele é britânico. Onde está o Beco Diagonal, onde eles compram varinhas e coisas assim? Está em Londres, e se você quiser entrar no Ministério da Magia, você desaparece rua abaixo em uma cabine telefônica britânica. O trem para Hogwarts parte de King’s Cross, não da Grand Central Station (…)”

Sobre o lucro que o parque trará ao país norte-americano, Boris acrescenta:

“Meu ponto é que esse negócio Potter tem pernas. Ele vai continuar e continuar, e devemos estar absolutamente loucos, como um país, ao deixar os americanos fazerem dinheiro com uma ótima invenção britânica.”

Confira a tradução da polêmica coluna em notícia completa e comente-a. O parque temático abrirá suas portas no próximo dia 18, continue no Ish para mais novidades.

O MUNDO MÁGICO DE HARRY POTTER
Ora, aqui está uma idéia mágica. Por que não trazer Harry Potter para casa?

Telegraph ~ Boris Johnson
09 de junho de 2010
Tradução: Otávio Bergamini e Marina Anderi

Ora, aqui está uma idéia mágica. Por que não trazer Harry Potter para casa?

Hogwarts é tão britânica quanto festas no dormitório – então por que o novo parque temático é em Orlando, questiona Boris Johnson.

Sabe, às vezes eu não entendo o que há de errado conosco. Isso é simplesmente sobre o país mais criativo e imaginativo do mundo – ainda que às vezes nós simplesmente pareçamos não ter o bom senso de explorar a nossa propriedade intelectual. Nós dividimos o átomo, e agora temos que ter cientistas franceses ou coreanos para nos ajudar a construir usinas de energia nuclear. Nós aperfeiçoamos os melhores carros do mundo – e agora a Rolls-Royce está nas mãos dos alemães. Tudo que inventamos, do motor a jato à internet, achamos alguém que os descarta e faz grande e rápido sucesso financeiro em outro lugar. E agora, coroando o insulto, eu fui informado por um garoto de 12 anos que tenho que começar a fazer os preparativos para levar todos a Orlando, Flórida.

Quero que vocês saibam que não tenho nada contra Orlando, embora você esteja, é claro, muito mais propenso a ser roubado lá do que em Londres. Em geral, eu adoro a América. Mas eu me ressinto profunda e amargamente que Orlando esteja prestes a se tornar o lugar oficial de peregrinação para todos os fãs de Harry Potter do mundo. No dia 18 desse mês, eles vão revelar uma atração de parque temático de 20 acres que se chamará O Mundo Mágico de Harry Potter, e a palavra da indústria é que vai ser enorme. Haverá Salgueiro Lutador de animatronic e passeios interativos e emocionantes no estilo de Quadribol, e grandes Hagrids de borracha rolando cordialmente rua abaixo.

Nas palavras de Sr. Thierry Coup, da Warner Bros: “Nós estamos levando os momentos mais emblemáticos e poderosos das histórias e colocando-os em um ambiente imersivo. Estamos levando a experiência do parque temático para um novo nível.” E é claro que eu desejo a Thierry e seus companheiros toda a sorte possível, e tenho certeza de que será maravilhoso. Mas eu não posso ocultar meus sentimentos; e quanto mais eu penso naquelas milhões de crianças radiantes acenando com as suas varinhas e correndo pelas torres de poliestireno de Hogwarts, mais eu penso naqueles milhões de pais que agora devem pagar para voar a Orlando e pagar para comprar chapéus bruxos, capas bruxas e hamburgueres bruxos regados com hidromel bruxo, mais eu ranjo meus dentes em invejosa irritação.

Porque o fato é que Harry Potter não é americano. Ele é britânico. Onde está o Beco Diagonal, onde eles compram varinhas e coisas assim? Está em Londres, e se você quiser entrar no Ministério da Magia, você desaparece rua abaixo em uma cabine telefônica britânica. O trem para Hogwarts parte de King’s Cross, não da Grand Central Station, e sobre o que é Harry Potter? É sobre ritual, intriga e as emoções das festas em dormitórios de uma escola britânica de um tipo que você simplesmente não encontra na América. Hogwarts é um lugar onde as crianças ocasionalmente se zangam umas com as outras – não “enlouquecem” – e onde a situação é geralmente resolvida por um bom e velho senso de HUMOR (HUMOUR) britânico. COM UM “U”. OK? NÃO HUMOR. SACOU?

Eu sei que Thierry e todos da Warner Bros e da Universal vão fazer um trabalho magnífico de fazê-lo se parecer e se sentir autêntico e fiel às histórias. Mas conheço um lugar que faria ainda melhor do que Orlando se parecer com Londres – e esse lugar é Londres. Eu quero saber por que o Reino de Potter não está sendo construído no Reino Unido, e eu não serei enganado com qualquer disparate sobre o tempo. Eles construíram a Eurodisney no Vale de Marne, onde é pelo menos tão frio e chuvoso quanto é em Londres – e tem sido um sucesso triunfal.

Não me diga que isso é uma moda passageira, que Harry Potter não vai durar muito depois do último filme. Como todo mundo, eu assisti, com grande surpresa, os meus filhos serem sugados para dentro do mundo de JK Rowling. Ouvi-os balbuciar sobre os detalhes, as pistas e sugestões que se tornaram cada vez mais ricas com as releituras, as emoções evocadas e a profunda satisfação que estes livros evidentemente dão.
Eu tenho diante de mim uma cópia tão manuseada e com orelhas quanto uma bíblia de um missionário e, para o caso de você achar que estou exagerando, ou extrapolando muito generosamente a minha própria experiência, deixe-me mostrar a vocês os principais números.

Não se importe com os filmes, que agora já arrecadaram cerca de $5.3 bilhões e que devem estar entre os maiores sucessos mundiais do cinema de todos os tempos. Basta olhar para os números de vendas de JK Rowling, a garota de Gloucestershire que famosamente começou a sua carreira literária rabiscando em mesas de café em Edimburgo.

Não, espere: vamos olhar para seus rivais. Pegue Beatrix Potter, que tem vendido como bolo ao redor do mundo há mais de um século. Ela vendeu 60 milhões. Ou pegue Enid Blyton, com dezenas de título com seu nome, incluindo a série blockbuster sobre Noddy. Ela vendeu cerca de 100 milhões, e o mesmo vale para o ótimo Dr. Seuss, que também tem um grande número de livros ainda nas prateleiras. Nós ainda não estamos nem perto do topo dos números de JK Rowling. Você tem que ir para os quadrinhos mais vendidos de todos os tempos – Tintin em 160 milhões e Asterix com 250 milhões, e ela ainda domina a paisagem literária.
Os sete livros de Harry Potter venderam juntos cerca de 400 milhões de cópias, em 67 idiomas. Não há nada parecido na história. Pense no impacto acumulativo nas imaginações das gerações mais novas de hoje – e aqueles jovens que estarão lendo Harry Potter para os seus filhos amanhã.

Meu ponto é que esse negócio Potter tem pernas. Ele vai continuar e continuar, e devemos estar absolutamente loucos, como um país, ao deixar os americanos fazerem dinheiro com uma ótima invenção britânica. Faço um apelo às crianças desse país e aos pais dos amigos de Potter para escreverem à Warner Bros e Universal e, talvez, até mesmo à ótima e própria JK. Traga Harry Potter à Grã-Bretanha – e se você quiser um lugar com menos chuvas do que Roma, com um excelente transporte público e fortes ligações com Harry Potter, eu tenho o lugar ideal.