A Ordem da Fênix

Newsweek entrevista Daniel

Em entrevista exclusiva com a Newsweek, Daniel fala sobre a Ordem da Fênix, namoro, carreira, fãs, estudos e os filmes futuros de Harry Potter.

“Esse filme tem sido o mais divertido que eu já fiz. Parte por conta de Imelda Staunton [que interpreta Dolores Umbridge], e parte por conta de David Yates, nosso maravilhoso diretor com quem eu tive o melhor momento da minha vida trabalhando com ele. Ele me fez ir além do que eu jamais havia ido antes. Isso não está sendo prejudicial por que eu não seria capaz de fazer isso antes, mas David soube identificar o momento certo para isso.”

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Thanks Newsweek.

Entrevista de Daniel Radcliffe a Newsweek.

NW: Quando você vai a lugares como o Reading Festival, você precisa se preocupar com o fato de ser reconhecido?

DR: Nem tanto em relação a isso. A única coisa com que você tem que se preocupar é com a imprensa. Mas nós conseguimos escapar dela. Houve somente uma foto minha [que foi publicada] com algumas menções sobre o boné que eu estava usando [risos]. É, algumas notícias realmente importantes, conteúdos originais. Então, não, as pessoas reconhecerem você não é um problema. De fato, um dos melhores momentos do festival para mim foi no primeiro dia – eu e meus amigos estávamos saindo dessa tenda, e havia um sujeito desmaiado no chão. Ele acordou, momentaneamente, veio, [em uma voz fraca e rouca] “É Harry Potter”, e desmaiou novamente. [risos]

NW: De qualquer forma, eu vi a multidão ir a loucura sobre você. Garotas gritando. Como é que é isso?

DR: Eu não experimento isso diariamente porque eu estou na maior parte dos dias onde todos me conhecem. Eu suponho que os visitantes fiquem boquiabertos quando fazem visitas aos sets, mas isso é estranho para mim, pois eu me conheço, e sei que não há nada com o que ficar boquiaberto. Por isso que as premieres são tão estranhas, pois assim que você sai do carro, há centenas de pessoas gritando seu nome. Para você, seu nome não significa nada. É somente um nome, como ‘mesa’ ou algo do tipo. Então, quando as pessoas gritam por você, o sentimento mais estranho possível vem à tona. Mas isso também é imensamente gratificante porque você trabalha em um filme por um ano inteiro e então todas essas pessoas comparecem para mostrar seus agradecimentos, basicamente. É ótimo.

NW: Você já namorou?

DR: Sim, já, mas não estou no momento.

NW: Você se preocupa com aquelas garotas que desejam sair com você só por ser famoso?

DR: Sim, há sempre uma preocupação em torno disso, mas eu tenho um bom instinto em relação às pessoas. Normalmente, as pessoas que não são sinceras são aquelas que dizem “você sabe que eu não sou seu amigo só por você ser Harry Potter, não é?”, e isso é como “Hum, legal, mas se isso é verdadeiro, por que você precisa dizer isso?”.

NW: Você tem interpretado Harry Potter por seis anos. Ainda está sendo um prazer fazer isso?

DR: Esse filme tem sido o mais divertido que eu já fiz. Parte por conta de Imelda Staunton [que interpreta Dolores Umbridge], e parte por conta de David Yates, nosso maravilhoso diretor com quem eu tive o melhor momento da minha vida trabalhando com ele. Ele me fez ir além do que eu jamais havia ido antes. Isso não está sendo prejudicial por que eu não seria capaz de fazer isso antes, mas David soube identificar o momento certo para isso.

NW: Harry está muito zangado nesse livro. E mais ressentido também.

DR: Eu acho que ele passou pelo que muitas pessoas após o Holocausto passaram: a culpa que os sobreviventes sentem. Acho que ele pensa que deveria ter morrido no lugar de Cedrico (Diggory, que foi morto por Lorde Voldemort em Harry Potter e o Cálice de Fogo). Cedrico não era nada para Voldemort, e Harry pensa “era eu quem deveria estar morto”.

NW: Eu conheço alguns fãs que não gostaram do livro porque ficaram incomodados com a fúria de Harry. Eles pensam que não tinha muito a ver com o personagem.

DR: Eu tive bastante sorte de poder ter passado uma hora com JK Rowling nesse filme, e ela disse “se as pessoas dizem ‘eu não gosto de como o Harry ficou tão zangado nesse livro’, é porque não leram com bastante atenção”. Se você olhar para tudo o que o Harry tem passado, a maioria das pessoas estaria mais zangadas que ele, e mais revoltadas com o mundo. Na realidade, Harry está razoavelmente bem equilibrado por tudo o que aconteceu a ele. Não é petulância.

NW: Eu li que você fez ótimos exames finais.

DR: Sim! Muito obrigado mesmo. Eu fiz. Estou muito empolgado. Eu sempre dei duro, mas nunca para algo desse tamanho. Também estou bastante empolgado por meus professores, porque eles também trabalharam duro. Lina Wright tem me ensinado desde o primeiro filme, e me deu segurança e um amor para aprender, tudo. Eu devo muito a ela, então que fique registrada essa mensagem, foi ótimo.

NW: Você se sentiu mais pressionado sabendo que suas notas, fossem quais fossem, seriam de conhecimento público?

DR: Hum, não. Se elas fossem ruins, eu provavelmente não diria a ninguém, e se elas aparecessem nos jornais, eu diria “ah, a imprensa. Não acreditem em tudo o que você lê” (risos).

NW: Então você vai para a universidade?

DR: Eu vou tirar o próximo ano para avaliar a situação. Vou participar de uma peça (Equus) próximo ano, então fica impossível eu fazer oito apresentações semanais e ir para a escola. Depois disso, vou sentar e pensar sobre o que vou ganhar ou perder estudando. Por hora, é adorável a sensação de ter um ano inteiro sem estudar. É ótimo! Liberdade! Maravilhoso.

NW: Há um grande contraste entre seu personagem em “Equus” e Harry. É um papel bem adulto. Você já fez uma cena nú. Você sente que quer meio que se livrar do Harry?

DR: Não, não quero me separar do Harry. Parte de mim quer mudar a percepção que as pessoas tem de mim, me lançar. Qualquer um poderia ir ao teatro e fazer algo leve e suave. “Oh, isso não é um desafio real, isso não prova nada”. Mas esta peça é realmente desafiadora, e se eu conseguir fazê-la – nós não sabemos como vou me sair -, espero que as pessoas parem e pensem “talvez ele seja capaz de fazer algo mais do que o Harry”. Além de ser uma peça fabulosa.

NW: Você acha que atuar será sua carreira?

DR: Sim. Você conhece tantas pessoas interessantes e tão diferentes. Tem a chance de descobrir coisas novas sobre si mesmo. Atuar é como ler um livro, onde você vê a história a partir dos olhos de outra pessoa. Ao interpretar, você descobre mais sobre o personagem, e suas crenças fazem você parar e se questionar. É bastante revelador, algumas vezes. Então, sim, eu definitivamente quero ser ator: eu amo isso. Mas eu também quero escrever. Adoraria dirigir um curta-metragem, só para ver como é. Mas não sei nada sobre a parte técnica das coisas. De modo algum. Eu estive aqui por seis anos, então você pensaria que eu havia aprendido um monte de coisas (risos).

NW: Tem sido interessante ver você crescer em frente às câmeras. Você revê os filmes mais antigos?

DR: Não. Eu farei isso quando tiver, tipo, 30 ou 40 anos, e tiver filhos. Vou sentar com eles e dizer “Isso era o que eu fazia na idade de vocês. O que vocês têm feito?” (risos). Eu sempre esqueço: sarcasmo não funciona no papel. Eu gostaria de revê-los (os filmes) em 10 ou 20 anos e possivelmente ter algumas contrações involuntárias. Eu não era realmente um ator quando tinha 11 anos, era um garotinho que teve a melhor oportunidade de sua vida. Mas eu não tenho noção de ter crescido nos filmes porque eu também tenho crescido fora deles. Quem cresce no filme é o Harry, não eu.

NW: Eu fui um adolescente muito zangado – com todos aqueles hormônios – irritado, impaciene, entendiado. Você tem que achar meios de superar isso enquanto está trabalhando?

DR: Sim, claro que tenho. Mas todos no set têm sua vida pessoal. Cada um tem algo rolando por trás das câmeras, e nenhum deles traz isso para o trabalho, então você simplesmente tem que aprender a dividir as coisas. Eu tive meus momentos de raiva e irracionalidade, mas para ser honesto, eles são poucos e difíceis atualmente. Que motivos eu tenho para ter raiva? Há poucas coisas que eu gostaria que mudassem, mas eu tenho uma vida ótima.

NW: Você e Rupert Grint, que interpreta Rony, e Emma watson, que interpreta Hermione, tem trabalhado juntos por um longo tempo. Quando eu conheci vocês no primeiro filme, era meio que meninos contra as meninas. Mas quando nos reencontramos durante a época do terceiro filme, o Prisioneiro de Azkaban, parecia que você e Emma haviam se tornado amigos próximos. Qual a dinâmica entre vocês três atualmente?

DR: No momento, nós estamos bem próximos. Eu penso que Rupert tem uma mesa de ping-pong em seu quarto – bem, o que ele não tem? Tem um alvo de dardos, mesa de bilhar, um XBox, e agora esse alvo para tiro infravermelho, em que eu sou muito bom. Então eu estou constantemente lá, batendo um papo com ele e usando as coisas dele, e Emma e eu temos uma relação bem parecida com a que tínhamos em Prisioneiro, que é mais conversa. Rupert é ótimo, porque se você está muito afim de uma conversa surreal, você pode tê-la com ele. Tipo, “o que aconteceria se cada um de nós tivesse nosso próprio botão gravitacional?” (risos).

NW: Quando tudo isso começou, seis ou sete anos atrás, seus pais, os produtores e o diretor dos primeiros filmes, Chris Colombus, todos se preocuparam com o que aconteceria com sua infância e sua vida ao interpretar Harry Potter. Estavam todos preocupados com isso. Agora que você é mais velho, você acha que eles tomaram a melhor decisão?

DR: Sim, e eu não estou dizendo isso porque quero ser positivo. Eu tive um ensino melhor aqui do que teria se ainda estudasse em uma escola. Eu nunca fui muito bom na escola, e eu desperdiçaria tempo ficando lá. Eu não me sobressaia em nada. Não era bom em esportes, não era bom como aluno. Mas agora, por isso, eu estou fazendo coisas que gosto, que eu sou bom e estou melhorando. E eu tenho cultivado um amor em aprender por estar aqui, e ser ensinado em pessoa. Tenho aprendido bem mais do que teria se estivesse na escola.

NW: Você fará os dois últimos filmes?

DR: Se o roteiro fizer justiça ao livro, seria tolice não fazer o sexto, por que eu acho o livro tão incrível e a parte tão brilhante. [O sétimo livro não foi lançado ainda.]

NW: Também acredito que seria difícil abandonar Harry nessa altura.

DR: Sim, eu cheguei longe. Se eu tivesse parado no terceiro filme, alguém entraria e haveria tempo para os fãs se acostumarem. Nesse estágio seria bem mais difícil, certamente.