As Relíquias da Morte ︎◆ Filmes e peças ︎◆ Parte 1

Potterish publica crítica de Relíquias da Morte: Parte 1!

Potterish publica crítica de <em>Relíquias da Morte: Parte 1</em>!
Hoje foi realizada a cabine de imprensa do filme Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 em São Paulo e no Rio de Janeiro, e a equipe do Potterish compareceu a ambas. Em SP, a nossa querida representante Aline Penha esteve presente, enquanto no RJ o felizardo foi nosso crítico de cinema Arthur Melo.

No intuito de oferecer um conteúdo diferenciado aos nossos leitores, nós produzimos dois textos distintos. O primeiro, escrito pelo crítico Arthur expõe uma crítica mais técnica acerca da película, comentando sobre o roteiro, fotografia, atuação e mais.

Esteticamente, Relíquias da Morte – Parte I se supera. A Direção de Arte consegue provar o nível de exploração visual que pode proporcionar – o redesenho do Ministério da Magia é uma prova – enquanto os efeitos visuais extrapolam a meta em níveis que, mesmo já conhecidos, espantam pelo primor do convencimento. Ponto também para a fotografia de Eduardo Serra, menos propensa aos realces deslumbrantes de Bruno Delbonel, mas tão comprometida quanto em revelar a emergência dos fatos através de nuances dadas aos elementos em tela, compondo uma estrutura que ganha saliência graças as impecáveis escolhas de locações abertas.

Já o segundo, produzido pela Aline, é uma visão de fã sobre o novo longametragem; ela expõe sua opinião sobre os cortes e os acréscimos, o que achou da adaptação do livro em filme, e muitos outros detalhes.

O Ministério como sempre parece visualmente impecável e podemos ver a estátua com trouxas torturados. Imelda mais uma vez dá um show de atuação com sorrisos e pigarros, e aparece acompanhada por seu patrono em forma de gato dentro do julgamento de bruxos nascidos trouxas. Rony na pele do bruxo Reg Cattermole vive uma cena romântica com Maria, a esposa do mesmo. Hermione tem uma crise de ciúmes no meio da fuga do Ministério.

Confira os dois textos na íntegra em notícia completa! E para os fãs que estão contando nos dedos, faltam apenas dois dias para o filme chegar aos cinemas!


HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do Potterish.com

Potterish.com ~ Arthur Melo
16 de novembro de 2010

Nota: 4 estrelas em 5

Com tanta ansiedade ladeando o lançamento de Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I, torna-se fácil falar sobre. Em tal etapa da existência da série no cinema, não há sequer uma alma viva que não tenha experimentado algum contato com a franquia e, se o fez, provavelmente manteve o interesse por seis longos filmes, sustentando a busca por uma poltrona em sessões lotadas para acompanhar o início do capítulo de desfecho. Valendo-se disso, a primeira parte do último volume adaptado para as telas toma como certo o fato de que fãs, Harry Potter tem aos montes. E é justamente para eles que o longa é direcionado.

Em 2001, quando Harry Potter e a Pedra Filosofal alcançou sua versão audiovisual, os já formados – e numerosos – fãs se viram diante de uma história que não contava com todos os elementos que, para eles, eram primordiais. Um efeito que se perdeu quando em 2004 quando Alfonso Cuarón assumiu a direção anteriormente de Chris Collumbus e balançou ainda mais as coisas. Foi quando os dois primeiros filmes ganharam, em resgate, as boas graças dos cobradores de fidelidade, enquanto Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, o então terceiro filme, desfilava em meio a tiradas de chapéus e reverências da crítica especializada. Um fato duplo que só tendia a se agravar à medida que os vindouros filmes acumulavam filas nos anos seguintes.

Quando David Yates tomou as rédeas a partir do quinto filme, a rebelião de fãs começou. Os cortes e “mutilações” daquele que é o maior livro da série, Ordem da Fênix, traduzido na menor minutagem de todos os filmes, quase gerou uma expectativa negativa para o que viria a acontecer em Harry Potter e o Enigma do Príncipe, projeto em que Yates confirmara seu retorno. Entretanto, a qualidade e inventividade não só técnica quanto artística de Enigma do Príncipe estava lá, ature fã desgostoso ou não, proporcionando um longa que, cinematograficamente falando, era o mais completo e coerente com o seu próprio conteúdo.

Relíquias da Morte – Parte I pode não ser o mais condizente com a realidade artística atingida gradativamente do terceiro filme até então. Mas indubitavelmente é aquele que melhor concilia a quantidade de conteúdo com sua qualidade. A proposta de dividir o sétimo livro em dois filmes é, justamente, transferir o maior número de páginas possível sem as alterações e limitações que se fizeram necessárias até – e mais precisamente – Enigma do Príncipe. E isto realmente acontece, com ressalvas, mas ainda assim. Se o espaço qualitativo da série só se realizava quando o cuidado com a manutenção da narrativa de J.K. Rowling no roteiro era posta em segundo plano, neste episódio, pela primeira vez, as duas coisas estão na tela.

O que é evidente em Relíquias da Morte – Parte I é o modo como a trama é rearrumada para sustentar um longametragem. Saem os cortes descabidos e entram a precisão de acontecimentos, ações e, por vezes, diálogos. Como sacrifício, vai embora também toda a criatividade que Steve Kloves demonstrou no roteiro da produção anterior, cujas alterações (indifere se elas foram necessárias ou não) certamente abriram o vão no qual o script foi capaz de se renovar e entregar gratas surpresas; um diálogo com o desenvolvimento dos personagens pouco usual que, desta vez, se deu graças ao que a autora já tinha inserido no desenrolar da história original.

Em contrapartida, Kloves se alia muito bem às ideias da direção de Yates neste sétimo filme. Apesar do caráter ainda mais episódico do capítulo, Relíquias da Morte – Parte I explora com perfeição os momentos em que deve haver reflexão dos personagens, fortalecendo suas relações de um modo ímpar e exemplar que, apesar de significarem a camada mais lenta da projeção, ganham status de injeção de fôlego ao revezarem com as sequências de ação e magia. Por sua vez, David Yates aproveita cada linha do imaginário mais eloquente do leitor da obra original para desenvolver passagens memoráveis. Aceleradas, de fato, mas bem inseridas. A exemplo disto estão a transformação dos sete Potters e sua consequente fuga, no primeiro ato, a invasão ao Ministério da Magia (destaque para a atuação impecável de David O’Hara como Harry Potter/Albert Runcorn) e a visita a Grodric’s Hallow, cujo excelente plano de visão proporciona tomadas espetaculares e ângulos perfeitos, dando um caráter vivo e dinâmico aos tiros de ação do longa – que vêm e voltam no tempo certo, sempre por uma mão segura da direção. Um sustento ao filme de maneira habilidosa, quase anulando o fato de não haver um clímax em construção.

Esteticamente, Relíquias da Morte – Parte I se supera. A Direção de Arte consegue provar o nível de exploração visual que pode proporcionar – o redesenho do Ministério da Magia é uma prova – enquanto os efeitos visuais extrapolam a meta em níveis que, mesmo já conhecidos, espantam pelo primor do convencimento. Ponto também para a fotografia de Eduardo Serra, menos propensa aos realces deslumbrantes de Bruno Delbonel, mas tão comprometida quanto em revelar a emergência dos fatos através de nuances dadas aos elementos em tela, compondo uma estrutura que ganha saliência graças as impecáveis escolhas de locações abertas.

O visível empenho no lado técnico, como satisfação, não caminha desamparado. A evolução de Daniel Radcliffe é clara, cuja atuação é entregue por mãos empenhadas em alcançar o mesmo patamar que Rupert Grint e Emma Watson já se põem há tempos. Esta, aliás, rouba as atenções não só na postura significativamente mais segura, mas também por conta de uma personagem que alicerça o sucesso das empreitadas do trio. Um êxito, se considerarmos a quase completa ausência de coadjuvantes mais maduros que, aliás, não auxiliam em sua totalidade. Apesar de Alan Rickman (em uma curta aparição) e Ralph Fiennes (ainda mais apropriado do que nunca) cumprirem mais do que bem a tarefa, Bill Nigh incorpora um Ministro da Magia desconfortável e forçado, quase beirado a caricatura – apesar de não comprometedor – mas o suficiente para perder para a expressividade virtual, porém bem mais honesta, dos elfos Monstro e Dobby.

O erro que coloca Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I em certa desvantagem daquilo que se espera que venha a ser a segunda parte é a disposição das ocorrências. Obviamente, a característica episódica está bem longe de ser uma pedra no caminho. Entretanto, o desenvolvimento não se dá. Os atos se postam de maneira costurada uns aos outros, dispensando um núcleo que valide a Parte I como um filme analisável como uma obra auto-suficiente. Sua dependência à segunda parte é gritante e ainda mais sufocante quando visto com clareza que isso é um problema que seria facilmente contornável com uma intenção narrativa que desembocasse em um clímax – ainda que ele viesse a ser um elemento vulgar da metade da trama central de Relíquias da Morte que passara por uma transformação apropriada. E a edição sofrida só ajuda a atenuar isso.

Relíquias da Morte – Parte I assume, desde o seu título, um contexto que não se encerra em si mesmo; óbvio. Entretanto, o material original usado tem pontos suficientes para estabelecer uma narrativa própria sem precisar contar com a chegada de um filme no futuro. Encerrar a trama, claro, não é a questão – e isso nem deve ser colocado em pauta. Mas garantir sua unidade seria um passo significativo para moldar sua identidade emancipada. Por outro lado, o filme é rico em diversos aspectos que compensam essa carência e, certamente, é um primor como início de um grande final.

Potterish publica crítica de <em>Relíquias da Morte: Parte 1</em>!


HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do Potterish.com

Potterish.com ~ Aline Penha
16 de novembro de 2010

É difícil expressar em poucas palavras a sensação de vivenciar uma cabine e imprensa, mais complicado ainda é relatar a sensação de finalmente poder conferir Relíquias da Morte na telona.

Assim que sentamos na poltrona do cinema, somos tomados pela ansiedade, que logo é acalmada com o já costumeiro logo da Warner Bros, cuja aparência já denuncia a atmosfera do filme aparecendo com detalhes enferrujados ao som da musica tema, tocada calmamente.

Não quero ser estraga prazeres, portanto me limitarei a comentar a película de maneira que os spoilers sejam mínimos, apesar de saber que diversos fãs ansiosos já conferiram os 40 min vazados na internet ontem. Pois bem, vamos lá.

Relíquias da Morte já começa com o mesmo tom de melancolia que Enigma do Príncipe nos fez sentir em seu final. Aos amantes e admiradores de Alan Rickman, sinto lhes informar, mas as cenas do aclamado ator são mínimas, porém marcantes. Outro que aparece por segundos é Matthew Lewis, o ator que em breve estará em terras brasileiras e que dá vida ao personagem Neville, dá o ar da graça em uma cena no Expresso de Hogwarts, que apesar de curta, nos prepara para o que virá na segunda parte do filme.

As cenas de Hermione Granger em sua casa, momentos antes de apagar a memória de seus pais, faz com que nós, simples fãs trouxas, sinta-nos na mesma situação que ela, entre o mundo da magia e os seus laços familiares. É uma cena inteiramente emocionante que vai deixar boa parte dos fãs com lágrimas nos olhos.

Os momentos na casa dos Dursley remetem extrema nostalgia, principalmente quando Harry entra pela última vez em seu antigo quarto no armário sob a escada. Assim que os integrantes da Ordem da Fênix chegam à residência, somos reconfortados com abraços e frases belíssimamente pronunciadas por Hagrid.

Os sete Potters? Ah, o que dizer desta cena que arranca riso de todos com as piadinhas dos gêmeos e do comportamento rabugento de Moody. Gui Weasley aparece pela primeira vez na história e arranca suspiro das espectadoras. Outro personagem que conhecemos é Mundungo, sua aparência é fiel à descrita nos livros, podemos até imaginar o cheiro de bebida e nos enojamos com seu desleixo e sujeira.

A transferência de Harry até o lugar seguro definido pela ordem é repleto de feitiços e ação, que vão parar até nas ruas de Londres. O reencontro dos protagonistas n’A Toca é marcante e mais uma vez nos encantamos com as costumeiras indiretas de Rony e Hermione.

O casamento de Gui e Fleur é composto de cenas rápidas, porém cheia de detalhes, algumas diferentes do que é descrito no livro, porém nos faz sentir vontade de estar junto dos personagens, seja acompanhando a valsa do casal, seja aprendendo passos exóticos com Luna Lovegood, radiante com seu vestido amarelo sol.

O ataque dos Comensais da Morte durante a festa é rápido e logo o trio pode ser visto nas ruas londrinas com os trajes de festa. O ponto alto desta sequência é a mágica bolsinha de contas de Hermione, que pode ser facilmente comparada ao ditado popular: “Bolsa de mulher cabe tudo.” O segundo ataque de Comensais ocorre desta vez em uma cafeteria e mostra que o trio está preparado para lutar.

A chegada dos personagens na antiga residência dos Black é marcada pela aparição um tanto assustadora de Dumbledore. Durante o tempo em que permanecem na casa, Rony e Mione protagonizam cenas fofas para nenhum fã botar defeito. Harry visita o quarto de Sirius Black que é repleto de detalhes, já Rony acha o quarto de Régulo e o trio finalmente descobre quem é R.A.B.

Após uma conversa com Monstro, que diferente do livro não ficou nada simpático, Harry descobre que o Medalhão verdadeiro não está sob poder do elfo e o encarrega de buscar quem o roubou. Pouco tempo depois Monstro retorna com Mundungo que afirma ter vendido o item à Umbridge.

Após a descoberta, os três iniciam a invasão ao Ministério. A cena de entrada através dos sanitários do banheiro público é hilária. Sob efeito da poção Polissuco, eles adentram o local e tentam passar despercebidos. O Ministério como sempre parece visualmente impecável e podemos ver a estátua com trouxas torturados. Imelda mais uma vez dá um show de atuação com sorrisos e pigarros, e aparece acompanhada por seu patrono em forma de gato dentro do julgamento de bruxos nascidos trouxas. Rony na pele do bruxo Reg Cattermole vive uma cena romântica com Maria, a esposa do mesmo. Hermione tem uma crise de ciúmes no meio da fuga do Ministério.

Durante a desaparatação, Rony sofre um estrunchamento e isso acaba explicando o sangue nas mãos de Hermione que conferimos em fotos e trailers – e sim, o sangue continua lá! Durante esta cena ficamos aflitos enquanto Rony grita de dor.

E assim os dias passam, com o trio na cabana, a novidade nesta parte são as novas cenas que provocam ciúmes em Rony, como Hermione cortando os cabelos de Harry, andando de mãos dadas e oferecendo água durante uma caminhada até o outro lugar que iriam acampar.

O ápice dos dias na cabana é o momento em que Harry e Rony se desentendem, nesta cena podemos ver Rupert e Daniel mostrando o quanto amadureceram no quesito atuação. Assim que Rony os abandona, Hermione é tomada por uma profunda tristeza e para amenizar a situação, Harry a convida para dançar ao som de uma música lenta que toca no rádio. A sintonia entre Emma e Daniel faz com que a cena seja doce e tocante.

Em Godric’s Hollow, Mione e Harry encontram Batilda Bagshot, a personagem tem uma aparência repulsiva rodeada por moscas. A cena em que Nagini sai do corpo da bruxa dá susto e é ainda mais nojenta – mas não vou entrar em detalhes!

De volta aos dias de acampamento, Harry fica de vigia na cabana enquanto Hermione dorme e vê a corsa prateada perto do lago congelado. Harry logo começa a se despir (para delírio da mulherada). Quando o medalhão percebe a presença da espada Harry fica preso dentro do lago congelado em agonia, até que Rony aparece e eles decidem, enfim, destruir o medalhão.

Assim que é aberto, o medalhão libera uma fumaça muito expessa e gigante. Harry grita para Rony quebrá-lo, mas assim que uma voz começa a falar coisas sobre Harry e Hermione, Rony para para escutar. A projeção de Harry e Hermione é incrível, mas com ar fantasmagórico. Hermione é muito má e grossa e termina sua fala beijando Harry de modo selvagem.

Irritado, Rony destrói o medalhão e logo retorna à cabana para ver Hermione. Achando que será bem recepcionado, Rony fala um descontraído “Oi!”. Hermione corre até ele e começa a batê-lo loucamente, gritando para Harry lhe devolver a sua varinha para que ela possa descontar sua fúria.

A visita à casa de Xenofílio é marcada pela cômica sequência de caretas que os personagens fazem ao tomar o chá servido. A história do Conto dos Três Irmãos é narrada por Hermione e ilustrada mostrada por uma incrível animação, fazendo com que nossa atenção fique presa na história.

Após desaparatarem da casa de Lovegood, os sequestradores encontram o trio, e aí começa a cena que ilustra o pôster em que o trio aparece correndo em uma floresta. Harry deformado pelo feitiço de Hermione fica assustadoramente feio e irreconhecível.

Após serem capturados, eles são levados para a Mansão Malfoy e são recepcionados por Belatriz. Eis que começa a cena mais agoniante do filme, com os gritos de Hermione sendo torturada por Bella de uma maneira a lá Umbridge. Hermione ganha a expressão Sangue Ruim na pele de seu braço.

Atendendo ao pedido de Harry, Dobby aparece e dá um show de simpatia e fidelidade, libertando os prisioneiros e derrubando um lustre em direção a Bella. Na fuga, como todos sabem, Dobby é acertado por uma adaga atirada por Belatiz e morre lentamente nos braços de Harry. Chorar é inévitável, chorar muito é mais inevitável ainda. Luna aparece doce e fecha os olhos do elfo e logo os personagens partem para o enterro na praia, ao lado do Chalé das Conchas, que não é mostrado.

Não vou contar exatamente aonde o filme termina, pois não quero estragar a surpresa. Mas imagino que alguns fãs poderão sair irritados do cinema por ver que o filme termina ali. Saí da sala de cinema com a sensação de que uma parte de mim havia sido arrancada, e que eu só poderei recuperá-la em julho do ano que vem.