Parte 1

[Atualizado] Leia as primeiras críticas de Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I

Ocorreu hoje a premiére londrina de Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I, e faltando tão poucos dias para o grande lançamento, são liberadas as primeiras críticas do filme.

Em geral, em relação ao filme como uma adaptação, eu diria que as partes que estão lá ultrapassam de longe o que não está – os cineastas atingiram um bom equilíbrio entre manter todos os pontos-chave na trama, e garantir também um ritmo suave e consistente.

Positivas
News of the World [5/5]
Telegraph [4/5]
The Independent [4/5]
Variety
Snitch Seeker
Hollywood Reporter
Daily Mail
HitFix

Meio Termo
IGN [3/5]
Total Film [3/5]
Empire Online [3/5]
The Australian [3/5]
Mugglenet

Negativas
The Guardian [2/5]

Leia todas as críticas já traduzidas do Daily Mail, Total Film, News of the World, MuggleNet, SnitchSeeker, Empire, The Hollywood Reporter, Telegraph, The Australian, IGN, Collider, Independent, HitFix e Variety. em notícia completa.

O filme estréia no dia 19 de novembro, próxima semana! Fiquem ligados no Potterish!

Nota: Se você já leu algumas críticas nesta notícia, não deixe, mesmo assim, de conferir o conteúdo, pois várias novas críticas do filme foram postadas.


Crítica do filme pela Total Film: O Início do Fim

Total Film ~ Andy Lowe
11 de novembro de 2010
Tradução: Daniel Mählmann e Sylvia Souza

Anteriormente, em Harry Potter…

Um Harry de onze anos prevaleceu sobre uma situação onde a forma etérea de Lord Voldemort apareceu na parte de trás da cabeça de Ian Hart.

Ele golpeou uma cobra gigante com uma espada especial e matou um diário com uma das presas da cobra.

David Thewlis se transformou em lobisomem. Gary Oldman se transformou em um cachorro. Hermione voltou no tempo só para um tipo de cavalo estúpido com asas não tivesse sua cabeça decepada por um homem de Middlemarch*.

Robert Pattinson foi morto por Timothy Spall.

Harry tentou encontrar uma misteriosa profecia que poderia ter feito a série um pouco mais curta. Mas a profecia foi destruída por seu amigo desajeitado.

Gary Oldman foi morto por Helena Bonham Carter.

Alguns rapazes bons surgiram pela chaminé para salvar o dia – incluindo o homem de Middlemarch, que finalmente concordou que Lord Voldemort pode ser um problema.

Da última vez que vimos Harry (em Harry Potter e o Enigma do Príncipe de 2009), ele estava beijando a irmã de seu amigo, irritado com seu mentor excessivamente crítico Dumbledore e confuso sobre Draco, seu rival de classe ariano.

Ele também aprendeu que o caminho para o bem triunfar o mal era destruir os fragmentos da alma de Voldemort escondidos em um monte de artefatos mágicos (“Horcruxes”).

Michael Gambon foi morto por Alan Rickman.

Então agora, Harry, Rony e Hermione abandonaram seu último ano em Hogwarts para rastrear as Horcruxes e tirar Voldemort de sua imortalidade, para que assim o mundo nunca mais tenha que ver algo saindo da parte de trás da cabeça de Ian Hart.

O problema: sem a escola, não há estrutura. Os filmes anteriores de Harry Potter arrastaram os jovens atores a uma zona de conforto entre si. A pressa foi abafada pela algazarra da solidariedade do pessoal de Hogwarts.

Aqui, eles se encontram a céu aberto – embrulhados em quentes Cardigans novos em folha, mas expostos ao olho da câmera. Enquanto o trio principal se precipita através de campos e florestas, discutindo, barganhando, decifrando pistas e fazendo pequenos acampamentos, não há lugar onde se esconder.

Watson, como sempre, é a estrela – jovial e sem esforço, e nunca exagerada nos ensaios. Mas as engrenagens da atuação ainda zunem e estalam atrás dos olhos de Grint e Radcliffe, e a sobreposição de Watson dá às cenas dos três astros um cansativo ar matriarcal – como se ela estivesse interpretando a mãe de dois adolescentes desajeitados.

Mas todos os três são talentos emergentes que cresceram estranhamente em seu ofício assim como cresceram aos olhos do público. Suas desiguais performances são um efeito colateral inevitável da pressão exercida pela reverência exagerada dos filmes aos livros de Rowling.

A estória final pode ser bastante colorida e complexa, mas, sob esta evidência, não há absolutamente nenhuma justificativa artística para uma divisão em dois filmes.

É embaçado e sinuoso e super-esticado – como o livro. É estufado com divagações aleatórias – como o livro…

Ao invés de enfeitar o original de Rowling para o que poderia ser um final fascinante e ritmado bruscamente dividido em dois grandes filmes (o que levará à batalha final e a batalha em si), ficamos presos em uma longa primeira parte que se antecipa ao evento principal que acontecerá em 2011.

Duas horas e meia de enfadonhas preliminares que poderiam ter sido escaladas como algo essencial se não fossem entediantemente acompanhadas pela estrutura de um filme duplo.

Dando o crédito a Yates, ele deixa de lado as regras do estúdio e se aplica no trabalho – dirigindo artisticamente e de modo inovador.

Ele permeia a angústia hormonal e as barbas ralas com perigosas referências aos temas adultos da estória: uma assustadora reinvenção Macartista do Ministério da Magia; o enorme fervor fascista aumentado dos Comensais da Morte para a limpeza étnica entre os não-mágicos – completamente ao modo dos Nazistas, vestidos de vermelho e preto.

Há uma inteligente expansão dos elementos de terror de Alfonso Cuarón em Prisioneiro de Azkaban: saltos e solavancos, sustos falsos, insetos rastejantes, pesadelos encharcados de suor, tortura, assassinato e – que horrível! – morte acidental de uma coruja…

Esta (sim…) escuridão se aplica a ambos tom e aparição. A ênfase em lúgubres cenas à noite entorpece a mágica dos efeitos e talvez explique as dificuldades com a conversão em 3D.

A escolha dos adultos é a versão extremamente maligna de Peter Mullan para o Comensal da Morte Yaxley – com olhos de réptil e voz de barítono, flagelando, se queixando e atirando suas azarações de morte para o ar como um demônio.

Bonham Carter é selvagem e bem bruxa, Fiennes se apresenta para fora das sombras e aplica um pouco mais de vivacidade a Voldemort, enquanto Rickman – a melhor coisa da série até agora – se aproveita ao máximo de seu infelizmente breve tempo em cena, se aproximando da fortaleza de Voldemort e calmamente preparando terreno para a destruição de Harry – negro como um corvo, oleoso, inescrutável.

Mas as indulgências de Yates quanto à continuidade – pôres de sol de descansos de tela, lânguidas imagens de helicóptero sobre cartões postais – apenas enfatizam o vazio.

Simplesmente não há material suficiente para preencher 150 minutos e o alongamento quase transparente expõe uma mal aconselhada e grudenta estratégia de um filme duplo.

Isto é Potter em uma pausa – a mágica emudecida pela lógica de uma conclusão. E, ao invés do que poderia ter sido um vivaz clímax orquestral, nos deram um estendido soar dos tambores.

Veredito:
O trovão antes do raio; o ribombar distante… esquecível e ocasionalmente potente, mas uma incômoda provocação que não tem o direito de existir sem a companhia de seu sucessor – uma melhor parte da estória.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do Daily Mail

Daily Mail ~ Baz Bamigboye
11 de novembro de 2010
Tradução: Daniel Mählmann e André Almeida

Um título melhor para Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 pode ser Hermione Assume o Comando.

Em um momento nessa penúltima aventura, o bobo Rony Weasley de Rupert Grint diz a Hermione: “Você é a melhor em feitiços”.

Ela é. E de alguma forma – e não sei ao certo como isso aconteceu – Emma Watson, que tem interpretado a estudiosa de Hogwarts por uma década, lançou seu feitiço sobre mim. Ela é fascinante em sua calma, jeito metódico e sensatez, e é definitivamente a fonte de calor neste filme.

Para constar, Harry Potter de Daniel Radcliffe não é deixado de lado. Ele é o Eleito, afinal de contas, e a história gira em torno dele.

Mas a Hermione de Emma tem coragem verdadeira. Fiquei verdadeiramente preocupado (sim, sei que é bobagem) quando a vilã Belatriz Lestrange (interpretada pela uma excelente Helena Bonham Carter) a capturou e a prendeu como refém.

Acho ótimo que essas histórias tenham produzido uma heroína de alto nível. Eu gosto de como a Hermione é tão leal.

Então há Harry, que nas mãos mais que capazes de Daniel, se transformou em um ótimo rapaz. As garotas certamente vão achá-lo bem bonito, também.

Por duas vezes, Harry tira sua roupa, revelando um belo peitoral e abdomem de he-man que, sem dúvida, vai animar as fãs.

Há um momento emocionante quando Harry chama Hermione para dançar. Eles estão sob a lona, em uma tenda em uma floresta petrificada; o rádio está tocando e eles tomam um rumo improvisado.

É um momento tocante, tenro e inesperado que os fãs dessa série cinematográfica épica – esse filme é baseado no sétimo livro da saga recordista de vendas de J.K. Rowling – vão considerar valioso.

Apenas um trouxa que tem vivido sob uma rocha durante os dois últimos anos não sabe que Relíquias da Morte Parte 1 é o começo do fim das famosas aventuras de Harry.

É a primeira parte dos dois filmes; o segundo épico, Relíquias da Morte Parte 2, que nos traz o confronto conclusivo de Harry com o Lorde das Trevas Voldemort de Ralph Fiennes, será lançado em julho.

Relíquias da Morte Parte 1 é mais terreno que os filmes anteriores, e nos leva para fora de Hogwarts em uma espécie de viagem pela estrada, visitando locações reais (ao contrário dos sets de fantasia), como a Shaftesbury Avenue de Londres (uau!), onde nós seguimos Harry, Hermione e Rony em uma busca para encontrar e destruir Horcruxes (os artefatos secretos e mágicos que são a chave para a imortalidade de Voldemort).

O filme roda por 146 minutos – não é o mais longo da série, mas tenho certeza que deve haver um feitiço que fez desaparecer ao menos 20 minutos dele. Talvez os cineastas estejam nos preparando para a Parte 2, que eu ouvi dizer que pode acabar sendo o mais longo da série porque há muita coisa que precisa ser incluída na mistura final.

A Parte 1 começa com O Ministro da Magia Rufo Scrimgeour, interpretado por Bill Nighy, entoando: “Esses são tempos sombrios, não há como negar.”

Vamos então para Lord Voldemort presidindo uma reunião de Comensais da Morte (como os seus seguidores mais devotados são chamados) no esplendor baronial da mansão de campo de Lúcio Malfoy. Eles se reúnem para tramar a captura de Harry.

Há uma cena particularmente sangrenta, onde Voldemort sussurra “Jantar!” e seu animal de estimação, a víbora Nagini, tão grossa quanto uma coxa do All Black, desliza sobre a mesa para devorar a professora de Estudo dos Trouxas Caridade Burbage. Essa é uma das razões pelas quais o filme tem a censura de 12A.

A desagradável Nagini eleva suas feias presas novamente… Desta vez, com Harry e Hermione em sua mira. Nagini certamente será motivo de pesadelos para as crianças mais novas, para não mencionar os vários adultos.

O surpreendente sobre Relíquias da Morte, é que após todo esse tempo as histórias ainda têm o poder de encantá-lo e trazê-lo até a borda da sua poltrona.

Há algumas perseguições alucinantes, e momentos de emoção que devem agradar a todos. Brendan Gleeson, com o olhar selvagem de Olho-Tonto Moody, chega à casa de Harry, na Rua dos Alfeneiros, e organiza uma escolta de elite para ajudar Harry a escapar de um iminente ataque dos Comensais da Morte.

Eles estão todos lá: Hermione, Rony, os gêmeos Fred e Jorge Weasley, Gui (o irmão mais velho) e sua noiva Fleur Delacour, e os outros.

Olho-Tonto tem um truque na manga. Seis do grupo irão beber a Poção Polissuco, o que produz Potters idênticos.

Com a série chegando ao fim, o diretor David Yates e o roteirista Steve Kloves dão o seu melhor para manter a atmosfera tensa, mas eu podia sentir um nó (só um pouquinho) na minha garganta quando Rúbeo Hagrid chega para garantir a segurança pessoal para o nosso Harry.

Eu recentemente re-assisti ao primeiro filme, Harry Potter e a Pedra Filosofal, então o momento em que Hagrid se encarrega do bebê Harry Potter no início de toda a saga ainda estava fresco em minha mente.

Eu percebi que passei a última década assistindo o time crescer – como todos nós temos que fazer. Os primeiros passos difíceis, aquelas primeiras linhas desajeitadas de diálogo. Ah, tanta inocência.

Agora, de repente, Harry dança com Hermione, Rony sente ciúmes, principalmente quando ele tem que testemunhar uma fantasia (topless!) entre seus dois melhores amigos.

Talvez isso tenha uma razão.

Foi divertido ver Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint entrarem em “sapatos de adultos”, dentro e fora da tela.

Eu não podia ver, no início, que Emma poderia florescer em uma mulher tão bela e jovem – e florescer para alguém que eu sinto falta quando não está em uma cena.

Nem eu poderia ter previsto que Daniel iria emergir como um dos nossos mais ousados jovens atores. Eu gosto que ele procure trabalhos fora da franquia Harry Potter, o que melhora sua arte, ao invés de tomar decisões fáceis.

Como sempre, é um verdadeiro deleite assistir o desfile de alguns dos melhores dramaturgos britânicos: Imelda Stauton, John Hurt, Jason Isaacs, Alan Rickman, Timothy Spall, Fiona Shaw, Richard Griffiths e Julie Walters, para citar apenas alguns.

A maioria deles irá retornar para o filme final, e em seguida a sua festa irá terminar.Mas eu suspeito que a nossa ligação com Harry Potter nunca vai ser quebrada.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do News of The World

News of The World ~ Robbie Collin
11 de novembro de 2010
Tradução: Daniel Mählmann e Flávio Júnior

Invada o túmulo de Roy Castle, roube a trombeta sagrada e entoe algumas notas musicais da música “Dedicação é o que você precisa”.

Porque, senhoras e senhores – depois de seis filmes de Harry Potter – nós finalmente temos em nossas mãos um batedor de recordes.

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 é o melhor de sua espécie, em dois aspectos.

É o melhor em sequência de sete filmes de todos os tempos – superando Jogos Mortais 3D, Halloween H2O, Jornada nas Estrelas: A Nova Geração e até mesmo American Pie: O Livro do Amor. Mas o mais importante, é melhor do que todos os filmes Harry Potter que vieram antes dele.

Finalmente parecendo bem de saúde, depois de nove anos, a Warner Bros tem uma ideia de como transformar esses contos em filmes… em vez de recriações cena por cena de alguns livros francamente exagerados.

E o resultado? Com a mão no coração, digo que é uma conquista muito grande. Ou metade de uma conquista muito grande, uma vez que a Parte Dois não será lançada até julho.

Na cena de abertura do filme, Rufo Scrimgeour de Bill Nighy diz: “Esses são tempos obscuros, não há como negar.”

E ele está certo. Porque, como de costume, todos os segundos de cena parecem ter sido filmados com as luzes apagadas.

O filme traz Harry (Daniel Radcliffe), Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) se preparando para ir em uma viagem – mas desta vez não é para outro período em Hogwarts.

Em vez disso, eles estão trabalhando com seus aliados mais próximos para caçar as Horcruxes – um conjunto de itens mágicos nos quais o Lorde das Trevas Voldemort (Ralph Fiennes com o septo em ruínas de Danniella Westbrook) tem escondido fragmentos de sua alma.

A Varinha… er… garota Hermione

Há uma breHá uma bela e breve sequência em que os três protagonistas dizem adeus aos seus lares – seguidos por duas cenas igualmente brilhantes e mais longas que habilmente trazem você do ótimo elenco do lado bonzinho da série para o mal.

E o que é óbvio desde o início é que tudo isto parece e soa como um filme bom deveria.

Não há desperdício de tempo, nenhum detalhe de fundo inútil, e grande parte do diálogo original de J.K. Rowling foi cortado. (Sem ofensa aos fãs de Rowling, mas graças a Deus por isso.)

E o pouco que resta foi reduzido em um roteiro bastante nítido que dá ao elenco mais do que apenas vagar de A para B e coletar qualquer pista ou item mágico que vai tirá-los do próximo sufoco.

É a primeira vez desde Prisioneiro de Azkaban que Harry, Rony e Hermione realmente parecem com pessoas reais que cresceram e mudaram durante o curso do filme. Talvez isto seja devido à notavel melhora na atuação de Daniel, Rupert e Emma. Mas eu suspeito que seja também graças à brava direção de David Yates, que está agora em seu terceiro filme de Harry Potter e parece ter encontrado o ritmo certo (melhor do que nunca).

Há uma cena perto do meio do filme, que não estava no livro, em que Harry tenta animar Hermione dançando com ela em uma tenda. E este é o melhor momento do filme – mostrando o menino Potter como um ser humano complexo e conflituoso… embora o ator pudesse querer gastar alguns de seus milhões em um professor de dança.

O que mais merece elogios? A trilha sonora arrepiante de Alexandre Desplat, para começar, e os atordoantemente bons design de produção, som, edição, figurinos e escolha de cenários. Algumas das paisagens filmadas enquanto Harry, Rony e Hermione procuram pelas Horcruxes são deslumbrantes, além do que se pode imaginar.

Os novos atores coadjuvantes impressionam também (Peter Mullan está excepcional como o Comensal da Morte Yaxley).

Além disso, as sequências de efeitos especiais nunca soam como enrolação ou sem sentido, colocadas apenas para manter a audiência contente (sim, estou olhando para você “Ataque dos Comensais da Morte à Toca”, em Enigma do Príncipe). Isto significa que a parte essencial da história não foi colocada em segundo plano no espetáculo. As Relíquias da Morte até ganharam uma animação para contar a história.

A decisão de cancelar a versão em 3D também foi um acerto. É óbvio que até mesmo cinco minutos do enérgico estilo de filmagem de Yates em 3D trariam uma enxaqueca do tamanho das cuecas de Hagrid.

Harry Potter e as Relíquias da Morte: parte 1 não é perfeito – mas os únicos problemas são inevitáveis, trazidos do livro.

Então, como tal, é o melhor filme de Harry Potter e um produto cinematográfico ainda melhor do que nós podíamos esperar.

Agora, que venha a parte dois…

E, inevitavelmente, uma decepção de partir a alma se, quando ela for lançada, não for tão boa quanto esta.

Nota: 5/5

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do MuggleNet

MuggleNet ~ Andrew Sims
11 de novembro de 2010
Tradução: Flávio Júnior

Aqui estão algumas reações iniciais ao filme:

– Há alguns poucos momentos em que coisas não mostradas nos filmes anteriores (mas que estavam nos livros anteriores) foram adicionadas à parte 1, para esclarecer a história.

– A visão de Harry e Hermione que Rony tem quando tenta destruir a Horcrux é, definitivamente – como a MPAA (Movie Pictures Association of America) descreveu – “um breve momento de sensualidade”.

– A morte de Dobby é tão comovente quanto você pode esperar. Nós fomos às lágrimas.

– Podemos dar a este filme uma crítica definitiva? Não. O fato é que nós não podemos decidir quão boa é a parte 1 até vermos a parte 2.

– Acima de tudo, o filme passa um sentimento muito duro. É sangrento, real e parece com a emoção do livro.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do SnitchSeeker

SnitchSeeker ~ masterofmystery
11 de novembro de 2010
Tradução: Daniel Mählmann

Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 1 começa com um olhar desolado nos lugares em que cada um dos membros do nosso amado trio estão no começo da história. Nós vemo-nos isolados em vários graus, todos tentando proteger suas famílias. Isso define o caminho e o grande tom sombrio desde o início. O filme atinge todas as notas certas para, ao mesmo tempo, segurar a trama e manter o público em geral no ritmo. Eu diria que este é o filme mais fiel da franquia – literal e espiritualmente falando.

Mas é também tem um estilo muito “não-Harry Potter”, no sentido de que é bem maduro e solicita que o público pense sobre questões muito sérias, como a noção de pureza racial, um tipo de fanatismo que nós gostamos de achar que não existe em nosso mundo trouxa. Há também questões acerca da lealdade, confiança e se as regras ditadas pelo governo visam mesmo sempre o melhor para as pessoas.

Isto dito, a opressão aos trouxas não é tão proeminente quanto no livro, entretanto as cenas que apresentam esta subtrama são suficientes para mostrar o que está acontecendo e o momento em que Harry descobre que seus amigos estão sendo vigiados é particularmente tocante. É um breve momento, uma preciosidade, um de muitos, que é colocado em foco por apenas alguns segundos, que podem parecer irrelevantes para a audiência geral, mas que são momentos cruciais para contar a história para aos ávidos fãs dos livros de todos os lugares.

Há omissões, como esperado, a maioria em pequenas coisas, felizmente. Uma que foi destaque para mim foi a falta dos rabiscos na lápide dos Potter (no livro, pessoas que apóiavam Harry deixaram mensagens reconfortantes para ele). É um detalhe estético, mas quando eu li, na primeira vez, pareceu-me como uma forma amável e simples de incentivar Harry e Hermione, particularmente durante aquele momento sombrio. Você também não vê muito das outras pessoas, que não o trio, a Ordem da fênix lutando contras os Comensais da Morte, Sequestradores e Voldemort. Não há menção ao Observatório Potter ou às tentativas de sequestro em Hogwarts dos membros restantes da Armada de Dumbledore. Embora essas coisas possam vir à tona na parte 2, situação em que eu morderia minha língua. Não muito é feito sobre o passado de Dumbledore e a tentativa de Rita Skeeter em sabotar a sua personalidade é meramente registrada – embora tenha sido desconfortável ler isto no livro, parece normal que todos os heróis devem questionar seus mentores antes de saírem para fazer grandes coisas, a despeito das adversidades e dúvidas.

Em termos de atuação, Helena Bonham Carter encarna uma Belatriz deliciosamente desesperada para ganhar a afeição de Voldemort. Jason Isaacs interpreta Lúcio Malfoy como se estivesse à beira de um colapso nervoso – todo desgrenhado, com barba por fazer. Rupert Grint nos leva de uma forma muito bonita na viagem emocional de Rony em direção à maturidade. Emma Watson tem algumas cenas realmente comoventes, principalmente com seus pais e alguns momentos fantásticos de comédia com Rupert. Os dois funcionam tão bem juntos, e eu sou uma das pessoas que mal podem esperar para ver o beijo deles no último filme. No geral, há muitas cenas encantadoras entre Daniel Radcliffe, Rupert e Emma – alguns momentos muito legais que realmente justificam porquê leitores de todos os lugares são tão apaixonados por seus personagens. Durante o abandono de Rony, há algumas sequências tocantes com Harry e Hermione… não ao ponto de um shipper, mas você pode ver o potencial que há para algo acontecer se a Rowling tivesse escolhido escrever dessa maneira.

A menção especial deve ir para a forma como o Conto dos Três Irmãos é contado, através do uso de animações com a narração de Hermione. Realmente lindo. Do mesmo modo, as visões de Harry e Hermione que o Rony tem a partir do medalhão são sensuais e misteriosas, sem ser muito impróprias. A cena dos Sete Potter também se destaca como uma das minhas favoritas, até por causa da capacidade de poder reassisti-la várias vezes, imergindo gloriosamente em cada uma das nuances das personificações de Daniel Radcliffe nos amigos e aliados de Harry Potter.

Em geral, em relação ao filme como uma adaptação, eu diria que as partes que estão lá ultrapassam de longe o que não está – os cineastas atingiram um bom equilíbrio entre manter todos os pontos-chave na trama, e garantir também um ritmo suave e consistente. Não é nenhum segredo que eu chorei enquanto lia o livro (comecei com a dedicatória, sério); e fiz basicamente o mesmo com o filme. Embora lá pelo final eu estivesse lutando para me impedir de chorar ruidosamente… vou deixá-los descobrir o porquê. Então, se você é do tipo de chorar, pelo amor de Merlin, LEVE LENÇOS!

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme da Empire Online

Empire Online ~ Nick de Semlyen
11 de novembro de 2010
Tradução: Daniel Mählmann

Trama
A batalha final entre a luz e as trevas se aproxima. Voldemort e seus seguidores conspiram para assassinar Harry Potter, que se encontra não apenas na estrada, mas com uma longa lista de objetos mágicos para rastrear.

Crítica
A chuva cai ruidosamente. Bill Nighy entoa, “Estes são tempos obscuros, não há como negar”. Pessoas boas parecem ansiosas e pálidas. Pessoas más parecem convencidas e ainda mais pálidas. Sim, o penúltimo Potter rapidamente nos deixa sem dúvida alguma de que esse é O Filme Mais Obscuro Até Então, o filme no qual as tentáculos do mal voltam a atacar e todos parecem perdidos. Até Hogwarts foi superada, ou seja, Harry, Hermione e Rony devem pegar a estrada como fugitivos. Pela primeira vez, as guarniçoes acolhedoras de um filme Harry Potter – o trem para a escola, as aulas, as partidas de Quadribol, o Natal – foram todas Avada Kedavreadas no esquecimento.

Contudo, o que deve parecer novo e urgente, um filme de perseguição ao redor do país, fica atolado em longos trechos sobre uma maldição de Excrucius Overplottio*. Há uma busca principal (encontrar e destruir várias “horcruxes”, objetos contendo fragmentos da alma de Voldemort). Então há uma sub-busca (encontrar e juntar as três “relíquias da morte”, objetos que dão ao seu dono o poder sobre a morte). A Pedra da Ressurreição, a Varinha das Varinhas, o Medalhão de Salazar Shytherin… às vezes parece que os personagens são superados em números de MacGuffins**. J. K. Rowling teve o luxo de centenas de páginas para explicar tudo; entregue como um filme, faz você ansiar pela simplicidade de jogue-um-anel-em-um-vulcão do Senhor dos Aneis.

Há um paralelo que ainda não faz jus em ser comparado com filmes de Peter Jackson. Grandes trechos de Relíquias da Morte – Parte 1 envolvem amigos vagando pelas florestas, emocionalmente manipulados pela jóia que estão carregando (aqui, digo “medalhão”) e começam a desmoronar. Os atores principais fazem coisas que nunca tinham feito antes – Radcliffe e Watson compartilham um corpo-a-corpo de topless (sem brilhos de varinha, felizmente), enquanto Grint tem que interpretar ciúmes e paranoia – mas não há sensação de peso em desfazer essa amizade. E uma cena inventada para o filme na qual Harry e Hermione curtem uma dança dentro da tenda (que, sendo de tamanho normal do lado de fora e cavernosa do lado de dentro, talvez seja um empréstimo do personagem Loaded Weapon de Emilio Estevez) é desconsertante.

Muito melhor são as cenas nos sets. Uma precoce batalha em vassouras ocorre em uma chuva violenta, quando Harry e vários Harrys falsos (transformados pela Poção Polissuco que, de acordo com o Olho-Tonto de Brendan Gleeson, “tem gosto de urina de duende”) são emboscados por um bombardeio de Comensais da Morte em mergulho. Há uma missão: uma infiltração estilo impossível no Ministério da Magia, agora um eixo fascista produzindo folhetos de propaganda com títulos como “Quando os Trouxas Atacam”. Uma confusão próxima ao final ainda tem o bônus de Jason Isaacs, sempre bom, como Lúcio Malfoy colocando suas mãos sinistramente bem cuidadas sobre o Menino Que Sobreviveu. Embora sejam pequenas comparadas ao que está por vir – um audacioso assalto ao banco Gringotes e o ataque de Voldemort a Hogwarts – essas sequências de ação são orquestradas pelo diretor David Yates com brilho e efeitos inventivos. Decisivamente, esse sendo um filme formado a partir de metade de um livro, eles desviam a atenção do fato de que não há um verdadeiro clímax.

A atuação é boa ao longo do filme, embora novamente seja um caso de pisque-e-você-perderá-um-aluno-do-RADA – gente como John Hurt e Alan Rickman muitas vezes passam a maior parte de seus cinco minutos de tela em cenas de fundo. Esperemos que, juntamente com os nossos outros temores, serão mostrados em julho, quando o último filme sai e o bem e o mal se encontram em uma escola secundária da Escócia.

Sentença
Os atos um e três são mais movimentados; o do meio se move como um elfo-doméstico com artrite. Ainda assim, uma quantidade razoável de momentos mágicos e tensão é lançada para as alturas. Traga a Parte 2.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do The Hollywood Reporter

The Hollywood Reporter ~ Todd McCarthy
11 de novembro de 2010
Tradução: Andre Almeida, Flávio Júnior e Sylvia Souza

O longo adeus à franquia cinematográfica de maior sucesso do século, até agora, começa com Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 1, o mais sombrio e menos característico de todos. Hogwarts foi embora e levou junto a sensação de segurança, foi embora também qualquer diversão da juventude, foi embora mais do que apenas uma ou duas menções ao tema original de John Williams. Com Hary, Rony e Hermione deixados totalmente à sua própria sorte em terrenos muitas vezes proibidos, este sinistro começo do fim da odisséia tem um sentimento muito diferente de qualquer um dos filmes antecessores – um desenvolvimento ligeiramente mais problemático do que seria bem vindo. Que este lançamento será uma enorme atração internacional está além de questionamentos, mesmo que a maioria dos fogos de artifício esperem principalmente a segunda parte do final da saga, que chegará em 15 de julho.

Talvez a questão mais pertinente sobre a forma como a excepcionalmente intrincada e épica história de J.K. Rowling será concluída no cinema é se dividir o livro final em dois filmes tem justificativa artística ou somente financeira. Afinal, o volume mais longo da série, Harry Potter e a Ordem da Fênix, tornou-se o filme mais curto, e parte do extenso meio do filme Relíquias da Morte – em que as crianças estão mal-humoradas no acampamento, sem saber o que fazer em seguida – poderia ter sido facilmente condensada.

Ainda mais que o mais fiel dos filmes anteriores, este filme parece dedicar-se acima de tudo a reproduzir o mais próximo possível a história na tela do cinema, um impulso que leva o filme a ser enfadonho, às vezes, e testa totalmente a habilidade dos jovens atores de segurar toda a atenção sobre eles, sem o apoio do sempre fabuloso elenco de personagens que a série oferece.

Argumentar a favor do tratamento extensivo é o fato de que em Relíquias da Morte, o roteirista Steve Kloves precisou puxar fios de várias histórias e várias dezenas de personagens que, especialmente será o caso na Parte 2, remetem aos dias pré-púberes da série. Empinar o essencial coberto na Parte 1, e fazer justiça ao clímax que esperam, representa uma ordem muito alta para um único filme longa-convencional. Assim, parce razoável o suficiente para dizer por que não fazer tudo, mostrar cada cena que os milhões de leitores querem ver, dar a cada personagem a sua chamada ao palco apropriado, ser expansivo e não restrito? Neste caso, provavelmente o “melhor pouco do que muito” – até mesmo uma cena sem graça aqui e ali – não é suficiente.

Relíquias da Morte abre corajosamente. “Estes são tempos sombrios, não há como negar”, diz o Ministro da Magia Rufus Scrimgeour (Bill Nighy, que só agora se junta à série) em intenso close-up, reconhecendo o fato de que o arqui-vilão Lord Voldemort (Ralph Fiennes) e seus Comensais da Morte, tendo “despachado” Dumbledore no final do filme anterior, estão à beira do poder completo. Por sua vez, Voldemort reuniu seus seguidores para salientar que cabe a ele e mais ninguém a missão de matar Harry Potter, que deve ser caçado de uma vez.

Sabendo de seu perigo, Harry move sua família imediata (providenciando a reaparição de Richard Griffiths, Fiona Shaw e Harry Melling) da Rua dos Alfeneiros. Mas percebendo o perigo, Olho-Tonto Moody (Brendan Gleeson, divertido tê-lo de volta) insiste em replicar Harry sete vezes, para que os Comensais da Morte não saibam qual é o verdadeiro quando o perseguirem – o que prontamente resulta em uma perseguição noturna espetacular, que acaba isolada na casa dos Weasley, isolada para um casamento furtivo.

Como qualquer um que tenha seguido a trama em forma impressa ou tela vai saber, a única esperança de Harry parar Voldemort está em encontrar e destruir as Horcruzes que representam partes da alma pestilenta do Lorde das Trevas. Inescrutáveis pistas foram deixadas para trás por Dumbledore, mas um encontro com os elfos domésticos Monstro e Dobby – eles mesmo não se veem há algum tempo – revela que uma Horcrux está na posse da algoz dos alunos antigos, a senhora vestida em rosa, Dolores Umbridge (Imelda Staunton).

O interlúdio mais cativante do filme envolve a visita arriscada das crianças ao Ministério da Magia, onde Umbridge trabalha como uma juíza, agora que a brigada dos inimigos tomou posse. Transformando-se fisicamente para os corpos dos bruxos do Ministério, Harry (Daniel Radliffe), Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) entram em uma burocracia cheia de posteres com marcando Harry como “Indesejável #1” e tão cheia de ameaças que o próprio Dr. Goebbels teria aprovado.

Então se segue o longo feitiço em locais ermos, a frieza do mesmo é apenas aliviada pela bolsinha de Hermione que lembra aquela da Mary Poppins, por não ter também um fundo, e por uma dança ao som do rádio que Harry e Hermione aproveitam brevemente após Rony partir com raiva. A duração deste trecho, onde se vê os protagonistas no ápice do desespero, pode ser justificada ao mostrar a capacidade dos atores de sugerir mais subjetividade e nuances para expressar o acúmulo de emoções de sua longa luta. Nós entendemos a ideia, mas não há muita coisa acontecendo para nos segurar no ímpeto de acelerar o filme.

Mas quando Rony retorna e eles conseguem destruir a Horcrux, deixando outras três a serem destruídas, eles visitam o perturbado pai de sua amiga Luna Lovegood, Xenofílio (Rhys Ifans), e o resultado disso é uma cativante sequência que ilustra – não tão rápido – o que são as Relíquias da Morte.

Os amigos acabam sendo capturados e arrastados até a Mansão Malfoy, onde a maníaca Belatriz Lestrange (Helena Bonham Carter, mais inteiramente dominada pelo papel do que nunca) acabaria prazerosamente com todos eles se não fosse pelas regras impostas pelo Lrde das Trevas. O fim não é exatamente uma estória de suspense, mas, ao invés disso, uma promessa não-ambígua promessa de crescente caos para Julho.

Com dois filmes anteriores de Harry Potter sob sua direção, o notório diretor escalado para terminar a série, David Yates, certamente sabe o que é desejado nesse momento, mas ainda não demonstra uma habilidade especial para filmes de fantasia inspirados; é justo dizer, entre os diretores de Potter, ele ocupa um confiável e prosaico espaço entre o óbvio indulgente de Chris Columbus dos dois primeiros e o trabalho vibrante de Alfonso Cuaron e Mike Newell nos filmes 3 e 4, respectivamente.

A maravilhosa técnica mágica na tela não vem mais como uma surpresa neste ponto; parece ficar melhor a cada filme da série. O compositor Alexandre Desplat faz sua estreia na série com uma trilha turbulenta e emocionante que pega emprestado o clima temático de John Williams apenas para identificar musicalmente a coruja de Harry, Edwiges, em sua breve aparição.

Apesar de Harry Potter ainda não ter 18 anos quando “Relíquias da Morte” começa, Daniel Radcliffe, Emma Watson e especialmente Rupert Grint parecem bastante crescidos agora, já que os filmes levaram 9 anos para serem feitos em contraste com os 7 que se desenvolvem através das histórias nos livros. Muitos dos grandes personagens só são vistos em uma ou duas cenas aqui, e sua falta é sentida; podemos apenas esperar que ao menos alguns deles terão momentos finais para brilhar na sequência.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do Telegraph.co.uk

Telegraph ~ Anita Singh
11 de novembro de 2010
Tradução: Eduardo Ferreira e Bruna Thalenberg

Primeira resenha
O penúltimo filme da franquia Potter é o mais assustador até agora – e um filme realmente mordaz.

Avaliação **** (4 estrelas)

Como pôr fim a franquia de filmes mais lucrativa de todos os tempos? Esticando-a por o maior tempo possível. Assim sendo, o último livro da série ridiculamente bem sucedida de JK Rowling foi transformada em não um, mas dois filmes – um prazer para os fãs de Harry Potter e um presente para a contabilidade da Warner Bros.

A Parte I é o começo do fim, e o diretor David Yates dá o seu veredito no começo. “Esses são tempos escuros, não há como negar”, entoa um sombrio Bill Nighy nas cenas de abertura. O mundo bruxo se tornou um lugar muito perigoso.

A história mostra Harry (Daniel Radcliffe), Hermione (Emma Watson) e Rony (Rupert Grint) fugindo de Lord Voldemort e seus comparsas. Eles devem romper laços com suas casas – e Hogwarts – e partirem sozinhos.

Pelo caminho, eles embarcaram numa missão para localizar diversas coisas que vão ajudá-los a lutar com forças do mal – uma horcrux contendo um pedaço da alma de Voldemort, a espada de Gryffindor, o significado do medalhão que contém a chave para as relíquias da morte. Há explicação para todos os Potter-novatos, mas a familiaridade com o livro é certamente uma vantagem.

Sem dúvidas, este é o filme mais assustador da série até agora. Há momentos em que até os espectadores adultos vão estar sentados na beirada da cadeira – uma cena em que Hermione é torturada, mais ouvida do que vista, outra em que um professor de Hogwarts tem sua vida terminada de um jeito não muito agradável. (E se você tem medo de cobras, você pode querer desistir do filme por completo).

Também temos um excelente Voldemort, o arquiinimigo de Harry, em uma atuação de arrepiar de Ralph Fiennes. Yates permeia seu filme com um pesado senso de pavor que não cessa.

Mas é, também, o episódio que nos faz cair fundo nas emoções centrais do trio. Quando Harry visita a cova de seus pais, e Hermione conjura um feitiço para remover todas as memórias dela que seus pais tinham, elas são de real mordacidade.

A cena mais afetiva não corresponde ao livro, completamente, Harry e Hermione dançando juntos numa tenda com um rádio tocando a música O Children de Nick Cave. Foi feita de forma suave, divertida e de tirar lágrimas dos olhos simultaneamente.

Nós assistimos os três crescerem e suas performances nunca foram melhores, principalmente Grint, que teve a oportunidade de fazer mais que apenas tirar risadas. Seu ciúme em cima da amizade de Harry e Hermione parece inteiramente real.

Há momentos claros, também, somos apresentados ao interior dos trabalhos no Ministério da Magia, onde a entrada é permitida dando ‘descarga’ a si mesmo em um banheiro público. Como sempre, são os mínimos detalhes que impressionam, as taças de champagne que se enchem automaticamente, o testamento de Dumbledore abrindo-se sozinho no ar.

Os ângulos adotados são fantásticos, da visão dos sete Harry Potters na mesma tomada a excitante seqüência em uma motocicleta e um sidecar que passam por baixo de Dartford Tunnel.

Temos a volta dos atores Julie Walters, Imelda Staunton e Jason Isaacs em suas rápidos, mas brilhantes aparições, e Nighy é bem adicionado como Rufo Scrimgeour, o curioso Ministro da Magia.

O único erro de Yates foi seu foco nas viagens do trio acampando em paisagens desertas. Essa parte do filme dura tanto tempo, e as tomadas de Harry olhando pensativo sob diversos fundos parecem mais um cartão-postal britânico que aventuras do bruxo mais famoso do mundo.

Mesmo com a duração de apenas duas horas e meia, está parecendo que Yates está indo o mais longe que pode. A Parte II pode ser melhor que isto? Terá que esperar até julho para descobrir. Não vai ser nada fácil.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do The Australian

The Australian ~ Kate Muir
11 de novembro de 2010
Tradução: Fernando Abreu

Avaliação: Três estrelas de cinco possíveis.

Um Dementador tirou a alegria do último filme da saga?

A primeira parte de Relíquias da Morte nos mostra mortes, julgamentos, exclusão racial e o equivalente bruxo do afogamento, a maldição cruciatus.

Como o livro de JK Rowling, este sétimo filme é mais sombrio que os outros. É um Harry Potter mais sério, para tempos mais cruéis.

Os dias felizes em Hogwarts, os feijõezinhos de todos os sabores de Bertie Bott
e o Quadribol ficaram pra trás. Ao invés disso, o poder de Lord Voldemort está crescendo e o seu pelotão de Comensais da Morte tomou o Ministério da Magia, a fim de expulsar os nascidos trouxas(Sangues-ruins) para deixar o mundo da magia racialmente puro. Enquanto isso, Harry deixou a escola aos 17 anos, e está fugindo de Voldemort com Rony e Hermione.

O filme começa com um close-up dos olhos vermelhos e cansados de Bill Nighy, o último grande ator a se juntar ao elenco. Como Ministro da Magia, ele prevê, com um sotaque galês que as coisas estão para ficar bem difíceis.

Bellatrix Lestrange, goticamente interpretada por Helena Bonham Carter, está recebendo uma reunião de fãs de Voldemort, incluindo um covarde Lucio Malfoy e a cobra de estimação do Lord das Trevas, Nagini.

Flutuando acima da mesa dos Comensais da Morte, uma antiga professora de Hogwarts está sendo torturada e gritos pontuam a conversa. O filme tem censura 12A, mas fique avisado: é um pesadelo para seu filho de 5 anos, especialmente quando aquela cobra fica com fome.

Relíquias da Morte: Parte 1 é claramente feito para os jovens e adolescentes leitores que cresceram com os livros, e não terá escolha senão se graduar com Relíquias da Morte: Parte II, no próximo verão.

Como um vislumbre da série Crepúsculo, os atores Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint estão pálidos, constantemente fugindo por florestas congeladas, e suprimindo seus desejos sexuais já que dividem uma barraca.

Radcliffe nos dá uma performance aceitável, Watson mais ainda. Grint, no entanto, parece estar exausto da vida como Ron – além do mais, todos usam suéteres horrendos.

O trio está procurando pelas Horcruxes, chaves da imortalidade do Lord das Trevas. Enquanto Voldemort quer as Relíquias da Morte, três outros objetos que o tornará ainda mais poderoso. Tente acompanhar, porque é um pouco intrincado, até mesmo se você já leu o livro.

O problema é a falta de aceleração. Há cenas intermináveis, onde o trio conversa na barraca. O alívio vem com algumas grandes cenas: David Yates, o diretor, nos entrega uma bela batalha aérea de vassouras, com Hagrid pilotando sua motocicleta e o sidecar.

Mas como o filme quase chega a três horas, muitos desejarão que alguém tivesse editado o livro em apenas um filme de ritmo alucinado, ao invés deste final inchado.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do IGN

IGN ~ Chris Tilly
11 de novembro de 2010
Tradução: Jenifer Guimarães Cestari

A primeira parte do final de Harry Potter tem as mesmas medidas de entretenimento quanto frustração.

Então atingimos o fim da jornada. Quase fim, na verdade, porque como as emergentes adaptações de Crepúsculo e o Hobbit, Harry Potter e as Relíquias da Morte, foi divido em dois, Parte 1 chegando nesse Natal e Parte 2 concluindo a saga no próximo verão.

Os cineastas afirmam que a decisão foi tomada para fazer justiça ao longo volume final de JK Rowling, e como permite à platéia passar mais tempo com esses amados personagens nessa época tão importante, ninguém pode escapar do sentimento que a Parte 1 é apenas preparação e nenhuma conclusão, resultando em uma experiência cinematográfica um tanto quanto vazia.

O diretor David Yates – encabeçando seu terceiro Potter – claramente deita e rola nas horas adicionais dadas a ele, aproveitando bastante seu tempo para cada cena do grande final da história.

Ele constrói um senso opressivo de melancolia do começo, com Harry, Ron e Hermione se preparando para deixar seu lar, talvez pela última vez. Numa cena particularmente emocionante, que foi apenas mencionada no livro, Hermione remove as memórias de seus pais de sua única filha, para protegê-los da inevitável e iminente guerra.

A tensão é rapidamente aliviada numa seqüência divertida com múltiplos Harrys aparecendo na tela, mas depois volta ao drama, com nossos heróis embarcando em uma perseguição dramática através do céu noturno enquanto os Comensais da Morte se aproximam.

Eles fazem uma fuga perigosa e ousada, mas com conseqüências devastadoras a todos os envolvidos, e é nesse ponto que a devida trama começa.

O Ministro da Magia, Rufus Scrimgeour visita o trio para entregar os desejos finais de Alvo Dumbledore, com Ron recebendo um produtor de luz Apagueiro, Hermione recebendo uma cópia de Os Contos de Beedle o Bardo e Harry o pomo que ele capturou em sua primeira partida de Quadribol e a espada de Grifinória (o último, aparentemente desaparecido).

Presentes estranhos que trazem mais perguntas que respostas, deixam os três heróis confusos para seu significado. Contudo, antes que o trio tenha a oportunidade de decifrar juntos o quebra-cabeça final de Dumbledore, eles são forçados novamente a pegar a estrada, dessa vez isolados e completamente sozinhos.

Com a rede fechando, Voldemort começa a decretar sua derradeira dissolução, tomando controle tanto de Hogwarts quanto do Ministério da Magia e destruindo os indesejáveis de raça trouxa.

Apresentando ‘reforma educacional’ e um programa de ‘avaliação’ – com o lema sendo “Você não tem nada a temer, se não tem nada a esconder” – ele usa assassinato e opressão para começar a criar a perfeita sociedade de sangues-puro.

Sem lugar algum para se esconder, a tensão entre nossos três heróis cresce, permitindo a Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson a mostrar suas melhores performances até agora. Quando Harry descobre a dolorosa verdade do passado de Dumbledore, ele sofre algo como uma crise de fé, enquanto a florescente relação entre Ron e Hermione causa que sua amizade tripla a ficar cada vez mais fraturada.

Problemas só pioram com a presença de uma Horcrux, um dos recipientes em quê o Lorde das Trevas escondeu um pedaço de sua alma. Sem conseguirem destruí-la, o trio deve carregar o objeto amaldiçoado para todo lugar com eles, e com a Horcrux intensificando emoções negativas, faz com que sua amizade atinja o ponto de ruptura.

Infelizmente, nesse ponto os procedimentos diminuem a um ritmo de tartaruga, quando os cineastas se debatem com as complexidades da trama. Esforçando-se para decifrar os mistérios da Horcrux e as Relíquias da Morte que nomeiam o livro, a jornada do trio vai de lá para cá, sem saber realmente o porquê.

E se nossos protagonistas não têm certeza o que ou por que estão fazendo algo, é difícil para que a platéia se envolva ou pior, que se importe, fazendo com que o meio do filme se torne um tanto quanto tedioso.

A aparição de Xenofílio Lovegood – o pai de Luna e editor do jornal alternativo chamado O Pasquim – brevemente melhora o filme, enquanto uma seqüência original de dança entre Harry e Hermione é tanto tocante quanto mordaz.

Mas essas são cenas prensadas entre outras longas de exposição esforçada para explicar a até agora tão confusa e torcida trama.

Eventos crescem até um quase final na Mansão Malfoy, e terminam numa nota grave, no estilo de O Império Contra-Ataca, mas enquanto naquele filme era claro onde estavam as forças do bem e do mal, aqui é algo mais lúgubre, fazendo uma conclusão bem frustrante.

Tudo está deslumbrante, com figurino e design de produção de cair o queixo, mais ainda no Ministério da Magia inspirado em Berlin de 1930, com o seu saguão descrevendo a supremacia de bruxos contra trouxas.

Similar a perseguição através da floresta mais tarde nas filmagens está uma das mais chamativas seqüências de toda a franquia, enquanto o conto das Relíquias da Morte é contado numa simples, mas belíssima animação.

As performances também são inteiramente excelentes, com Jason Isaacs sendo particularmente destacado como Lúcio Malfoy, uma sombra de seu antigo eu, depois de um tempo passado na prisão de Azkaban.

Bill Nighy e Rhys Ifans também trazem um senso maravilhoso de prejuízo à seus papéis como Scrimgeour e Lovegood respectivamente.

Com certeza, a única parte ruim na atuação de frente é a falta de Alan Rickman, como Severo Snape, aparecendo apenas em uma pequena cena no começo do filme.

Piedosamente, ele volta com uma vingança na Parte 2, que teremos que esperar oito longos meses para ver. No momento temos um filme de Harry Potter atmosférico que sucede ao levantar toda a expectativa para todos envolvidos para que essa entrada – acima de todas as outras – pareça genuinamente como um assunto de vida ou morte.

Mas o filme sofre de falta de foco, a natureza episódica do meio do filme significando que você realmente sente as maquinações da intrigante trama.

A frustração combinada com a inevitável falta de qualquer resolução real faz uma experiência tanto divertida quanto insatisfatória.

Então, mesmo sendo tudo menos um filme ruim de Harry Potter, o sentimento primordial é que de que é um incompleto. Estou aqui esperando que Yates e seu time consertem isso no próximo verão.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do Collider

Collider ~ Steve ‘Frosty’ Weintraub
11 de novembro de 2010
Tradução: Daniel Mählmann

Estou em Londres. Estou do outro lado do rio, porque amanhã é a coletiva de imprensa londrina de Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 e eu tenho que ver o filme esta noite. Enquanto fomos orientados a não escrever críticas completas, fomos claramente informados para escrever algumas reflexões iniciais. Uma vez que estou um pouco em cima da hora, vou fazer algo muito breve.

Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 é tão próximo dos livros quanto qualquer fã poderia esperar. Embora existam algumas alterações (é um filme, afinal de contas), muitas das cenas são interpretadas exatamente como eu as imaginava enquanto lia o último livro. Mas para mim, a melhor parte foi ter tempo para não apressar as cenas por causa dos limites de um filme de duas horas e meia. Quando você assistir Relíquias da Morte: Parte 1, vai notar que ele se move em um ritmo diferente dos filmes anteriores. E eu gostei. Bastante. Vou dizer… quando os créditos começaram a rolar, eu desejei que a Parte 2 fosse lançada amanhã. Pelo menos nós só vamos ter que esperar até o próximo verão.

Ah, uma última coisa, embora eu imaginasse que a Parte 1 poderia ter tido uma chance como Melhor Filme, ela não recebeu uma nomeação. Mas a Parte 1 criou o que deve ser um final maravilhoso, que poderia ter uma recompensa emocionante como uma nomeação a Melhor Filme. Muito mais cobertura de Harry Potter em breve.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do Independent

Independent ~ James Mottram
11 de novembro de 2010
Tradução: Daniel Mählmann

É o começo do fim de Harry Potter. O último filme nas adaptações imensamente famosas da série fenomenal de sete livros escrita por J. K. Rowling está sobre nós. Bem, quase. Como o título sugere, Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 tem uma Parte 2 – prevista para julho próximo – depois que foi decidido que o final de 600 páginas de J. K. Rowling à saga do seu garoto bruxo merecia dois filmes. Se ele merece é discutível – com o espectador, deixou o sentimento de que essa é um entrada antes do prato principal no próximo verão.

Claro, seria preciso mais do que isso para intimidar a horda de fãs dedicados, alguns dos quais estavam tão determinados a ver o elenco que acamparam na chuva, na noite de quarta-feira, para ter a melhor vista do tapete vermelho. Assim como tendas, sacos de dormir e cadeiras, muitos usando fantasias de bruxas e bruxos.

Que o filme tem a sensação de um aperitivo é um dos muitos problemas enfrentados por David Yates, agora o diretor que mais trabalhou na franquia, com quatro filmes em seu currículo. Com Harry (Daniel Radcliffe) e seus amigos Hermione (Emma Watson) e Rony Weasley (Rupert Grint) na estrada, esse é o primeiro filme feito longe de Hogwarts, a escola onde eles passaram a sua adolescência. O que, infelizmente, significa que não há cenas no Salão Principal, com uma confusa Maggie Smith se perguntando por que está cercada por dezenas de moleques de escola de teatro.

Depois há a inevitável escuridão que envolve grande parte da conclusão de Rowling. Para ser justo, Yates não se intimida com isso. As cenas de abertura, com o malvado Lord Voldemort (Ralph Fiennes) enraivecido “Eu que devo matar Harry Potter”, são tão ameaçadoras quanto as nuvens escuras que espiralam no céu. No momento em que a cobra gigante desliza pela mesa, abrindo sua mandíbula para a câmera, fica claro que esse será o Potter mais assustador desde o filme de Alfonso Cuarón de 2004, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, sem dúvida o melhor da série até agora.

Há algumas cenas encantadoras. Radcliffe tem o seu momento Sendo John Malkovich, quando sete amigos se transformam em Harry para atuar como chamarizes. Depois, há o uso de animações no estilo de fantoches em sombras para ilustrar o conto dos Três Irmãos. Acrescente a isso uma reviravolta proveniente do novo elenco, além da adição de Peter Mullan como Yaxley, o ajudante de Voldemort, e você poderia pensar que há muito para apreciar.

No entanto, se a Parte 1 luta, é porque ela desce quando deveria subir – pelo menos nas cenas prolongadas onde Harry e seus amigos pegam a estrada para procurar uma série de artefatos (“Horcruxes”) para derrubar Voldemort. Conforme o trio disputa seu caminho através da zona rural, o filme perde tração – com as cenas parecendo tão desconexas quanto os personagens. Além disso, Radcliffe, Grint e Watson – que cresceram nesses papeis – são deixados expostos sem a segurança dos atores adultos ao seu redor.

Ainda assim, para o que é aparentemente um filme destinado a crianças, Yates permite alguns temas adultos – desde os ciúmes de Rony quanto a Harry e Hermione (sim, eles se beijam em sua mente) até a ascensão do fascismo e da limpeza étnica. Terminando em uma morte que vai deixar os pequeninos perturbados, mesmo que a Parte 1 pareça esticada aos 150 minutos, ela termina bruscamente. Seu apetite será aguçado para o que promete ser um confronto poderosíssimo antes que a cortina desça sobre Harry Potter definitivamente.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme do HitFix

HitFix ~ Gregory Elwood
11 de novembro de 2010
Tradução: Luiza Reis

Após presenciar o muito esperado, “Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1”, é justo dizer que o diretor David Yates continuou seu ótimo trabalho em trazer uma visão mais sofisticada, elegante e moderna do fantástico mundo do jovem bruxo favorito de todos, para a telona. A experiência de Yates com “Ordem da Fênix” e “Enigma do Príncipe” lhe serviu bem, como fica claro em sua administração da franquia, que se aperfeiçoa bem a tempo do último capítulo. Em geral, “Relíquias da Morte” devia ser avaliado como o melhor “Potter” desde “Prisioneiro de Azkaban”, de Alfonso Cuarón, mas nós saberemos mais quando a segunda parte chegar aos cinemas em Julho de 2011.

Os fãs do livro não ficarão desapontados ao encontrarem mais detalhes nessa adaptação do que em qualquer outro dos capítulos anteriores (ou pelo menos desde o inaugural “Pedra filosofal”, quase uma década atrás). É claro que, conforme críticos observaram, a autora JK Rowling encaixou na versão literária de Relíquias da Morte mais traços de um roteiro tradicional, do que em seus livros anteriores. E também com o fato do filme ser dividido em duas partes, o que ajuda a manter fãs que não leram os livros (assim como esse escritor) vidrados na tela.

Houve muita conversa sobre a franquia “Potter” ser recompensada pela Academia e Indústria por uma década de filmes de qualidade (e sem mencionar blockbusters), mas uma premiação de melhor filme não acontecerá para a parte 1. O que esta metade da história de Relíquias da Morte faz, entretanto, é montar a base para o emocionante capítulo final que poderia facilmente encontrar seu caminho para uma indicação em 2011. Especialmente com o aperfeiçoamento do estilo visual seguro de Yates gerando uma porção de novas imagens icônicas para a série.

Ainda que neste ano, a trilha de Alexander Desplat tenha somente um breve traço do famoso tema “Potter” de John Williams, seu trabalho pulsante e épico poderia claramente encontrar caminho para a disputa de melhor trilha sonora original. Yates usa um novo cinegrafista dessa vez, Eduardo Serra, e o duplamente indicado ao Oscar, apresenta uma variedade de lindas imagens, e principalmente sabe quando usar a luz do sol, no que poderia ter sido um filme completamente escuro. O lendário produtor de design, Stuart Craig, vencedor três vezes, não é indicado desde o “Cálice de Fogo” em 2006, mas com literalmente nenhuma cena na familiar escola de Hogwarts, seu trabalho impressionante ao redor de numerosas regiões rurais inglesas pode levá-lo até a platéia do Teatro Kodak mais uma vez. Maquiagem, figurino e efeitos visuais também serão sérios competidores. Os efeitos são especialmente fortes na melhor captura de movimentos de Dobby, que aparece como um novo elfo, e Monstro, até agora, assim como em uma espetacular sequência aérea no início do filme.

Também é um grande alívio que toda a maravilhosa parte visual da equipe não tenha sido afetada pelo processo de conversão para 3D. As emoções e dramas do roteiro são envolventes o suficiente. O filme em si não precisa de nenhuma distração. E é claro, a melhor coisa sobre a Parte 1 é que deixa você querendo ver a Parte 2 o mais rápido possível.

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do filme da Variety

Variety ~ Justin Chang
11 de novembro de 2010
Tradução: Carol Souza, Eduardo Ferreira e Sylvia Souza

Harry, Rony e Hermione abandonam sua segurança em Hogwarts em Harry Potter e as Relíquias da Morte, para esta negra e desesperadora adaptação do penúltimo episódio da adaptação cinematográfica da épica fantasia de J.K. Rowling. Para os três bruxos adolescentes entrando na selvageria da batalha contra Lorde Voldemort, o diretor David Yates tornou a série mais expansiva, estruturalmente como um capítulo independente – pesado e emocionante em alguns tempos e banhado com um profundo senso de solidão e derrota. Assim feito, a lealdade aos livros não será arruinada, não inconclusivamente, lançando incríveis retornos e ascensões de memórias e expectativas para um espetacular final.

Enquanto o sétimo livro já está disponível há algum tempo, a audiência global aos filmes não mostra sinais de ter perdido o interesse na franquia da Warner Bros.; no último ano, Harry Potter e o Enigma do Príncipe fez uma das mais fortes performances da série, com 934 milhões de dólares. Mesmo não havendo a exibição 3D para a Parte I, não há razão para que não continue, com a audiência prometendo uma entusiástica presença para a Parte II, que será lançada em 15 de Julho (em 3D, para compensar).

Bem antes do fim do sétimo filme – com a morte de um personagem recorrente e um golpe assustador para o Lorde das Trevas – deixou-se claro que não havia modo de ser fiel a “Relíquias da Morte” sem dividi-lo em dois. Afora os benefícios comerciais, simplesmente há estória demais para abranger de uma só vez, até mesmo com Steve Kloves fazendo seus sensatos cortes no que é facilmente a trama mais desregrada de Rowling – um empolgante e alvoroçado épico que traz sua complicada mitologia a um fim bagunçado, mas satisfatório.

Como resultado disso, e talvez com um pouco de sua própria culpa, o filme de Yates parece por vezes tropeçar sob o peso de sua própria exposição. Com a tarefa de encontrar e destruir as Horcruxes restantes (objetos amaldiçoados contendo fragmentos da alma de Voldemort), o trio principal precisa percorrer caminhos indefinidos, decodificar misteriosos símbolos e pesquisar nomes com os quais não estão familiarizados no mundo da magia, tudo em tamanha agitação que talvez até mesmo os familiarizados com os textos precisem de um fluxograma. Ainda assim, os produtores precisam ser aplaudidos por não favorecem aos poucos “virgens de Potter” que possam estar na platéia, e por empurrar a série além de indesculpáveis domínios obscuros.

Um comovente prólogo determina os sacrifícios que Harry (Daniel Radcliffe), Rony (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) precisam fazer para proteger suas famílias diante de uma nova ordem mundial, pois agora o todo-poderoso Voldemort (Ralph Fiennes, cruelmente exigente) trama a destruição de Harry. Pela primeira vez na série, o perigo realmente se esconde atrás de cada esquina; parece haver um novo ataque de Comensais da Morte a cada 10 minutos, e a contagem de corpos aumenta vertiginosamente enquanto Yates desenvolve um caótico cenário gerado por computador após o outro: uma empolgante missão para acompanhar Harry em segurança com a ajuda de iscas mágicas; um casamento que termina em catástrofe; e uma desafiante incursão no Minstério da Magia, que tomou definitivamente um ar de Terceiro Reich na sua perseguição de bruxos nascidos trouxas, supervisionada pela detestável Dolores Umbridge (Imelda Staunton).

Mas o destaque emocional de “Relíquias da Morte” é um constante trecho no qual nossos herois buscam refúgio na floresta, e o laço forte da amizade de Harry e Rony parece se afrouxar enquanto eles combatem a frustração, a incerteza e os ciúmes pela afeição de Hermione. É um interlúdio esgotante e depressivo, marcado por um sentimento forte de isolamento (e lindamente filmado nas praias de Blighty Burnham) que pode entediar alguns espectadores, mas como a maior das reviravoltas nos relacionamentos fundamentais da saga, apresenta Radcliffe, Grint e Watson em seus melhores momentos.

É verdade que Yates alcança seus mais significativos efeitos não com duelos de bruxos ou com as visões dolorosas de Harry (das quais há muitas espalhadas), mas com silêncios arrastados e momentos de privilegiada intimidade; uma passagem que se destaca, nas quais as “Relíquias da Morte” são explicadas, faz uso extenso de animação, que não foi vista desse modo até agora na série. Yates está destinado a ser o diretor mais associado com a franquia, pelo fato de ter guiado mais filmes da série do que qualquer um, e se seu trabalho nunca obteve o peso poético de “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” de Alfonso Cuarón, ele pelo menos guiou três ou quatro filmes com um estilo fortemente elegante.

“Relíquias da Morte” segue com uma impiedosa seriedade em seu propósito e um efetivo terror, e alguns momentos ocasionais de descontração, a maior parte deles cortesia dos irmãos gêmeos de Rony, Fred e Jorge (James e Oliver Phelps), são mais bem vindos do que nunca, mesmo que eles não estejam sempre graciosamente encaixados. Com esparsas cenas de mutilação e tortura (administradas pela psicótica Belatriz Lestrange de Helena Bonham Carter), o filme é notoriamente mais sangrento que os anteriores, embora seja apenas uma prévia do que está por vir.

Entre os novos atores que mantêm o alto nível de atuação do filme, está Bill Nighy, que tem garantido mais tempo em tela como o novo Ministro da Magia; Peter Mullan como um Comensal da Morte particularmente perverso; e Rhys Ifans como o nem tão confiável pai de Luna Lovegood (a adorável Evanna Lynch). Vale também mencionar Toby Jones, que retorna como o dublador de Dobby, o elfo doméstico (antes uma irritante personagem ao estilo Jar Jar Binks, mas agora uma nobre figura).

Além disso, estampando “Relíquias da Morte” com uma nova identidade cinematográfica, Yates convocou os talentos do compositor Alexandre Desplat, trazendo uma excelente e fina trilha sonora com poucos traços de John Williams, e o diretor de fotografia Eduardo Serra, cujas tomadas panorâmicas têm um contraste perfeito com o tom chiaroscuro das mais recentes fotos do set de Hogwarts.