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Arthur Melo elabora crítica do trailer oficial de RdM

Ontem os fãs acompanharam de perto o tão aguardado lançamento do trailer oficial de Harry Potter e as Relíquias da Morte, que saiu na internet alguns minutinhos antes das 20h. Nós traremos mais adiante a opinião de fã, mas hoje o nosso crítico de cinema Arthur Melo publica sua resenha a respeito desse novo material.

As primeiras imagens panorâmicas querem convencer que o trabalho com a fotografia do longa em relação ao sexto filme continua exemplar, apesar de esta ser uma tarefa claramente ingrata. Esperava-se que fosse um trailer comum. Mas a trilha sonora (sempre encomendada para se portar de forma imponente) tirava qualquer vestígio do que já tínhamos visto antes. As cenas iniciais já provam que o embate entre Voldemort e Harry foi cuidadoso. Num primeiro ‘confronto’, saem os efeitos visuais e entram os apelos muito bem vindos à dramaticidade dos atores.

Arthur continua, fazendo uma breve comparação entre o trailer e o teaser divulgado no MTV Movie Awards, e elabora sobre o impacto causado no mundo virtual por esse lançamento. Confiram a resenha em notícia completa!

HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE
Crítica do trailer oficial

Potterish.com ~ Arthur Melo
28 de junho de 2010

Os fãs já estavam começando a entrar em surto coletivo. Parecia que Relíquias da Morte se encaminhava para o mesmo desfiladeiro de Enigma do Príncipe: o adiamento. Lógico, isso não iria acontecer; não desta vez, afinal, o último filme (que, diga-se de passagem, está sedento para arrancar o pódio de Avatar nas bilheterias) precisa estrear em julho, verão norte-americano.

Vamos ser minimamente racionais, ok? Sei que é difícil, até porque, neste exato momento estou enrolando para ver se isso se torna uma crítica de verdade de um vídeo que, caramba, tem só dois minutos. Para minha felicidade, minutagem não é documento e não será desta vez que precisarei tirar leite de pedra. O primeiro trailer (sim, trailer, não teaser) de Harry Potter e as Relíquias da Morte, ambas as partes, é um alívio. Alívio não só para uma legião que começava a tremer pela falta de algum material substancial de divulgação (os traumas supracitados), mas também por de longe já podermos ver que o produto final vai ser muito bom.

Claro que esta sensação para por aí. O trailer é autoconsciente, e essa demonstração não é, jamais, egocêntrica. Não há de maneira alguma como colocar em xeque a questão de que Harry Potter e as Relíquias da Morte são, de fato, os filmes que selarão a passagem de uma geração no cinema, o encerramento do maior fenômeno isolado do ramo do entretenimento em anos e, lucrativamente falando, a maior série cinematográfica criada. E partindo disso cairemos naquele mote sobre amizades que se construíram a partir do gosto em comum pela série e de como isso vem se prolongando desde 2001 (quando a febre surgiu) até hoje. Dez anos só no cinema. É bastante. Mas, agora, vamos nos ater ao trailer.

Logo da Warner. Checado. E as primeiras imagens panorâmicas querem convencer que o trabalho com a fotografia do longa em relação ao sexto filme continua exemplar, apesar de esta ser uma tarefa claramente ingrata. Esperava-se que fosse um trailer comum. Mas a trilha sonora (sempre encomendada para se portar de forma imponente) tirava qualquer vestígio do que já tínhamos visto antes. As cenas iniciais já provam que o embate entre Voldemort e Harry foi cuidadoso. Num primeiro “confronto”, saem os efeitos visuais e entram os apelos muito bem vindos à dramaticidade dos atores (Daniel Radcliffe continua tentando, e até está se saindo bem).

Como uma tréplica à resposta do público ao vídeo lançado no MTV Movie Awards, este trailer se preocupa unicamente em apresentar o épico que Relíquias pretende ser. Somem as repetições de imagens aleatórias sem nenhum contexto específico ou, simplesmente, insignificantes e no lugar entram breves flashes de momentos que, desde quando lidos, já procuravam construir uma imagem mirabolante nas mentes de como aquilo seria posto em um filme. Se a preocupação era só com a estética e com a técnica, esta já pode ser riscada da lista. O grande triunfo do trailer é mostrar o quanto a equipe de produção sabe comandar muito bem os efeitos visuais (agora em peso muito maior, visto que muitos milhões sobram no bolso quando dois filmes são rodados de uma única vez).

Um gancho inevitável do vídeo é focar no terror e no abalo dos personagens mais queridos, mais de uma vez: Hermione e Rony estão no meio da ação em alguns dos flashes mais dramáticos, um deles em meio à batalha em Hogwarts – a sequência mais esperada de toda a série.

Mas, como todo e qualquer produto de marketing, o trailer quer, apenas, vender um produto. E faz isso espetacularmente bem. Não é à toa que 80% das cenas apresentadas correspondem à segunda parte de Relíquias da Morte. É crucial que o desejo em assistir ao segundo filme seja criado agora, para o espectador já entrar no cinema em novembro mal conseguindo se segurar para julho, atropelando a primeira parte como um meio de abastecer a sede em assistir aos minutos finais do bruxo no cinema. Para isto, armas de convencimento e explanação do tipo de material que estão sendo veiculado são estritamente necessárias – ou você acreditou que as chamadas em inglês lançadas à frente do vídeo, em meio a um e outro corte estavam ali apenas para ilustrar?

O resultado de ambas as partes de Relíquias da Morte já se vê de agora. Três dos maiores sites voltados para a série no mundo não suportaram o fluxo de visitas (o que se aplicou em outros que nem são centralizados nela, mas apenas se comprometeram a exibir o trailer no horário programado), algo que vem se multiplicando desde ontem quando míseras três fotos foram parar na web. Em cerca de cinco minutos, Harry Potter e seus derivados já estavam flutuando nos Trading Topics mundiais do Twitter nas primeiras posições, e o mesmo se repetiu nos TT’s isolados de todos os países e cidades, fazendo com que uma singela estreia de quarta-feira simplesmente parecesse uma mera exibição da Sessão da tarde sem importância.

É constatado. Não é uma febre. Não é passageiro. Virar de ponta-cabeça o mundo virtual voltado ao entretenimento em 15 minutos é um trabalho que não se faz e não se prolonga por dez anos. Harry Potter ainda tem a mesma energia do início, ainda move o mesmo número de multidões e deixa todos afobados da mesma maneira – talvez até pior. Só nos resta esperar, agora, pelo pôster. Que venha logo. Ah, e aplausos para quem teve a ideia de modificar a animação do logotipo para uma apresentação muito mais estilosa.